Os motoristas de ônibus do serviço de transporte coletivo de passageiros de João Pessoa decidiram radicalizar e estão anunciando que nenhum ônibus sairá das garagens das empresas, nesta segunda-feira (27), primeiro dia da greve anunciada pela categoria.
Mesmo existindo uma determinação deferida pela vice-presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 13ª Região (TRT-13), a desembargadora Herminegilda Leite Machado, Motoristas e Trabalhadores em Transporte Coletivos da Capital estão decididos a não permitir que nenhum ônibus saia das garagens nesta segunda-feira.
Os motoristas do setor de transporte de passageiros considera inegociável os percentuais do reajuste oferecido pelo empresariado do setor, e por isso decidiram tomar essa decisão, em razão das perdas salariais e de benefícios que foram retirados no período da pandemia da Covid-19, e que ainda não foram restabelecidos.
Segundo o Sindicato Motoristas e Trabalhadores em Transporte de Passageiros, antes da pandemia, os motoristas recebiam R$ 600 como vale alimentação. O benefício foi reduzido à metade, ou seja, R$ 300. Encerrado o período da pandemia houve um reajuste, e atualmente esse valor é de R$ 440.
Além da redução do valor do vale alimentação, os motoristas reclamam ainda que recebiam R$ 300 reais, na pandemia do novo coronavírus, por acumulação das funções de motorista e cobrador. O valor foi tirado, integralmente, e não voltou mais. O Salário atual de um motorista de transporte coletivo de passageiros em João Pessoa é de menos de dois mínimos, ou seja, menos de R$ 3.000.
Uma reunião entre motoristas de ônibus de João Pessoa e o Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros (Sintur-JP), realizada na terça-feira (21), terminou sem acordo sobre o reajuste salarial dos profissionais.
Os motoristas pedem um aumento de 15%, enquanto o sindicato patronal apresentou uma proposta de 3%. Após o encontro, aprovaram um indicativo de greve.
Em nota, o Sintur-JP afirmou que durante a reunião foram apresentadas novas demandas pelo Sindicato dos Motoristas, além do reajuste salarial. “Apesar dos esforços para avançar no diálogo, os números apresentados estão distantes da capacidade financeira das empresas de transporte, que enfrentam desafios para manter a operação sustentável e equilibrada”, afirmou.
O impasse ocorre em meio a pressões dos trabalhadores, que realizaram uma paralização em 16 de janeiro, no entorno da Lagoa do Parque Sólon de Lucena, para cobrar aumento salarial e o retorno do vale-alimentação, suspenso em 2019. O ato ocorreu após o adiamento de uma mesa de negociação.
A discussão também está sendo influenciada pelo recente aumento na tarifa de ônibus, que passou de R$ 4,90 para R$ 5,20 no dia 13 de janeiro. Segundo os motoristas, o reajuste no valor da passagem não refletiu em melhorias salariais para a categoria.