“Foi um momento potente. Nós sendo os protagonistas das discussões para construir um país mais justo e igualitário”. É o que avalia Rosi Morais, presidente do Diretório Municipal do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) de João Pessoa, em relação à participação da delegação paraibana no 6º Congresso da União de Negras e Negros Pela Igualdade (Unegro), em Salvador, nos últimos dias 8, 9 e 10 de dezembro.
Ela também destaca a participação dos jovens no evento: “Em nossa comitiva haviam duas adolescentes, e como é bonito vê-las enquanto protagonistas de um processo social de luta e representação de combate ao racismo”. O evento deste ano na capital baiana teve como tema ‘A Unegro no Novo Projeto de Brasil’. A vereadora Jô Oliveira (PCdoB), da Câmara Municipal de Campina Grande (CMCG), também integrou a delegação paraibana no encontro.
Para Rosi Morais, o racismo “se combate estudando, porque o conhecimento nos liberta, mas também, e principalmente, fazendo diferente do que foi feito nesses últimos 523 anos aqui no Brasil. Fazer diferente é considerar política para preto prioritária”, ressalta Rosi, agradecendo às pessoas que ajudaram a delegação paraibana chegar e voltar de Salvador. “Um agradecimento especial ao PCdoB estadual da Paraíba-PB, na pessoa de nossa presidente Gregória Benário”.
Segundo Rosi Morais, falar sobre racismo é um assunto delicado, pois a grande maioria das pessoas vivenciou uma educação racista e também machista. Na avaliação dela, mesmo entre os negros, nunca é fácil fazer política para preto. “Isso é um desafio, pois a branquitude está em tudo. A nossa formação eurocêntrica está infiltrada de tal maneira em nossa sociedade que muitas vezes nos perguntamos o porquê de tanta dificuldade. Mas a resposta está nos quase 400 anos de escravidão legalizado em nosso país. Nosso povo, o povo negro, continua sendo escravizado, nossos jovens exterminados, nossas mulheres mortas, nossas crianças violadas”.
Essas opressões, conforme indaga Rosi, só ocorrem com o povo negro? E ela mesmo responde: “Não! Contudo, conosco ocorre mais, porque somos maioria sem quase nenhuma representação. Então, a interseção de opressões nos atinge muito mais forte. A luta de classe é, sim, nossa luta principal, não temos dúvidas, mas se observamos quem é o pobre trabalhador oprimido, quem é a maioria das mulheres mortas por feminicídio, quem são as crianças e adolescentes abusadas, perceberemos que o nosso povo negro é, infelizmente, o principal protagonista dessa realidade”.
A Unegro é uma organização fundada em Salvador, em 1988, na Biblioteca Pública de Barris, e realiza ações contra o extermínio da população negra e na luta antirracista, de gênero e classe em todo o Brasil. Atualmente, ela está organizada em 25 estados da Federação e no Distrito Federal.