O que aconteceu no Aeroclube gera insegurança jurídica e política em toda a Paraíba. Faltou ao grupo do governador Ricardo Coutinho uma coisa chamada sensatez.
Amparado pela fragilidade de uma liminar concedida em primeira instância para que a PMJP tivesse a posse temporária do Aeroclube, o procurador geral da Prefeitura, Geilso Salomão, foi até o local e junto com o secretário de Desenvolvimento Urbano, Lúcius Fabiani, repetiu a ordem recebia diretamente do governador Ricardo Coutinho.
Máquinas pesadas, que estavam escondidas nas imediações desde as15 horas, invadiram o Aeroclube com o apoio da Guarda Municipal e da Tropa de Choque da PM e cavaram buracos na pista para inviabilizar pouso e decolagem de aeronaves.
A pergunta que mais ouvi foi: “precisava disso?”
Cerca de 40 aeronaves ficaram presas nos hangares, pois a pista esburacada não oferece condições de decolagem e de lá os aviões agora só poderão sair desmontados.
Precisava disso? Claro que não e a medida foi arbitrária. Não estava o grupo do governador tratando camelôs a pontapés.
O que Ricardo autorizou e Luciano Agra executou amplifica o conceito que se tem das gestões socialistas no que se refere a ausência de diálogo.
Mais do que uma pista de pouso e decolagem naquele local funciona uma escola de pilotos e até um avião da FAB está impedido de decolar.
Ricardo vai fazendo história pela petulância e nenhum apego a quem lhe deu a mão. É que naquele Aeroclube, que ele mandou destruir a pista hoje, estão aeronaves de alguns amigos que “contribuíram” com sua campanha, exemplo do avião da Transnacional, da Guaraves e da Cerâmica Elizabeth.
Custava ter oferecido prazo para que os empresários retirassem suas aeronaves de lá? Bastava esse gesto para diminuir o impacto do maior gesto público de arrogância do grupo do governador até agora.
Mais agora, convenhamos, eles exageraram e mexeram com quem não devia.
A Paraíba dos caixas eletrônicos explodidos quase todos os dias é a mesma onde o comércio foi engessado pela onda de demissões e cortes de gratificações.
Policiais não merecem a deferência de um diálogo, jornalistas que pensam diferente do establishment são perseguidos, Ministério Público é feito de bobo da corte e prefeitos são surpreendidos com seqüestro de parte do ICMS e a folha de fevereiro está ameaçada o gerando um efeito dominó que vai sobrar para o pequeno comerciante.
Do jeito que vai só restará à sociedade uma alternativa: pedir o impeachment do governador Ricardo Coutinho.
As cenas que presenciei desde as 18h20 de ontem me chocaram. Havia um certo descontrole e um guarda municipal despreparado impedia o trabalho da imprensa preocupada com a informação que uma paraquedista havia sido ferida ao tentar impedir que a primeira máquina destruisse parte da pista.
O nome da moça que aparecerá na primeira foto lá embaixo é Adriana e ela arriscou a vida, chegou a desmaiar, mas passa bem e agora com a derrubada da liminar pelo TJ ela pode circular pelo Aeroclube de novo.
Veja a seqüências de fotos feitas pelo fotógrafo profissional e paraquedista Marcus Antonius que esteve no teatro de operações desde o primeiro minuto e que nesta quarta feira fará fotos aéreas do que parecerá uma pista clandestina de traficantes dinamitada pela PF.
Em tempo: a reconstrução da pista custará caro e não será tão rápida. O governador passou dos limites.
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