O que muda na política de comunicação do governo Ricardo Coutinho com a substituição de Estela por Luís Torres na SECOM? Absolutamente nada, se o próprio RC continuar norteando a linha de ação da pasta.
Aliás, quem olha para este governo e procura um perfil depara-se com uma coisa meio Frankstein, dúbia, sem identidade.
A comunicação da gestão RC parece uma daquelas bandas de rock onde cada músico tem uma levada e, apesar de sob o mesmo ritmo, cada um toca para um lado.
Sem o critério da audiência e gastando muito no cala a boca, quando deveria priorizar a mídia técnica, essa gestão pode trocar duzentas vezes de secretário que continuará perdendo todas as batalhas da comunicação, pois falta-lhe personalidade.
Competente, o jornalista Luís Torres é um dos melhores de sua geração, mas, apesar de ser homem do batente, forjado a ferro e fogo nas redações, antes de ser considerado um reforço ao projeto de reeleição de RC por dispor agora oficialmente de uma caneta, devemos ponderar para o fato de que enquanto secretário estará engessado ao cargo e não poderá mais, por questões éticas, manter seu blog no ar ou apresentar o programa de TV, ambos ferramentas a serviço de RC, pois deixar de ser noticiarista para ser notícia.
Alguém pode dizer que Luís Torres circula bem no meio e que poderá abrir frentes de diálogo, amordaçar com agrados vozes dissonantes, ou até mesmo adequar a linguagem de setores oposicionistas da mídia a uma estratégia permitida, mas pergunto por que não conseguiu nos três anos abrir essa interlocução? Ele tinha a caneta a seu dispor.
Luís Torres realiza um sonho, chega ao topo e merece aplausos por ter alcançado o que sempre almejou. Se foi alçado na melhor hora ou se não renderia mais no front, só o tempo poderá responder.