Em artigo, a senadora Nilda Gondim aborda o trágico crime que, infelizmente, faz parte da realidade de muitas crianças e adolescentes brasileiros: o abuso sexual. A parlamentar se solidariza com a dor daqueles que tiveram sua infância roubada por adultos que, muitas vezes faziam parte do convívio familiar, e apresenta um projeto de Lei que altera o Código Penal para punir com mais severidade quem cometer crime de estupro de vulneráveis com emprego de violência ou grave ameaça, agravando a pena para dez a 16 anos de prisão.
Leia o artigo completo:
A tragédia da infância brasileira
A jornada dos humanos na terra mostra que somos capazes de grandes gestos – seja de bondade ou de seu extremo oposto, a perversidade.
E poucos eventos são tão perversos quanto o encontro da covardia com a vulnerabilidade.
Um encontro que – infelizmente, dolorosamente – acontece com frequência assustadora nos bastidores da infância brasileira.
De todos os crimes que os humanos podem praticar, nada é mais vil do que o abuso sexual de crianças e adolescentes.
Inocentes que, muitas vezes, sequer entendem o que significa a violação de seus corpos e de suas almas.
E não têm voz para denunciar a destruição de suas infâncias.
O que está em curso é uma verdadeira tragédia, que produz milhares de vítimas todos os anos no país – uma nova dor a cada hora, segundo registros feitos pelo Disque 100 do Ministério da Saúde.
Dados que são mais alarmantes quando colocamos nessa conta as projeções de subnotificações.
Além de criar mecanismos para que os monstros sejam revelados, estimulando denúncias, um caminho possível é a punição – mais rigorosa – dos predadores sexuais de crianças e adolescentes.
Essa é a proposta de projeto de lei (PL 2097/2021) que apresentei ao Senado Federal, alterando o Código Penal para endurecer a punição a quem cometer crime de estupro de vulneráveis com emprego de violência ou grave ameaça.
O acréscimo da pena será de dez a 16 anos.
Sim, ainda é pouco. Afinal, quando vale a destruição de uma infância?
Não conheço número que possa calcular a dor de nossos meninos e meninas, violados quando deveriam ser cuidados.
Abusados por quem deveria protegê-los.
Pois o mais perverso em toda essa tragédia é que a maioria dos monstros está dentro da própria casa de suas vítimas.
São pais, tios, irmãos…
Pessoas que deveriam amar incondicionalmente suas crianças.
E não mostrar para elas, tão precocemente, o quanto alguns seres não são nada humanos…
Nilda Gondim