Em análise publicada pela jornalista Andreia Sadi, Sergio Moro (União Brasil) repete a tática de Jair Bolsonaro (PL) de colocar entre ele e Lula (PT) um personagem para provocar o adversário em temas considerados sensíveis. No debate da Band neste domingo, escalou Moro por conta de corrupção.
De acordo com a jornalista, aliados dizem que Moro tem repetido a Bolsonaro que ele não é mais juiz e, sim, um político.
Mais uma vez, Bolsonaro usa Moro – e Moro se deixa usar. Mas por quê? Já que, passados quatro anos, Moro e Bolsonaro não tiveram um simples desentendimento como querem fazer parecer, agora. Ao comparecer ao debate, Moro fez o que dizia que não faria – em fevereiro deste ano, quando ainda brigava para ser o candidato da terceira via: escolheu lado. E o lado escolhido foi o do “ladrão” da rachadinha, como ele próprio definiu em postagem no Twitter.
Por que não ficar neutro, então? Moro diz que “tentou construir uma terceira via, mas não deu”.
E repete que “Lula é inaceitável”, mas não avança em seus motivos. Apenas diz que não teria como explicar para sua família que condenou o ex-presidente e não se posicionou numa disputa entre ele e Bolsonaro.
Moro também não consegue explicar como fica o inquérito no STF que está aberto por acusação sua de que Bolsonaro cometeu um crime ao interferir na Polícia Federal. Ao deixar o governo Bolsonaro, Moro destacou em sua coletiva que a Lava Jato só conseguiu investigar a corrupção na Petrobras porque o governo Dilma deu autonomia para a PF.
A análise conclui com uma importante observação: Moro não quer que o seu desafeto pessoal, o ex-presidente Lula, reassuma o Palácio do Planalto. Para isso, está à disposição de Bolsonaro para recriar o ambiente de 2018 de lavajatismo, o gatilho dessa memória afetiva que tirou Lula da disputa e, ao mesmo tempo, é uma das últimas apostas de Bolsonaro para dar o empurrãozinho para rifar Lula em 2022.