A menos de três meses para o fim do ano, 2013 já é considerado um dos mais violentos para o exercício da profissão de jornalista no Brasil. A informação é do Relatório de Liberdade de Imprensa da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), que será divulgado nesta segunda-feira, na 43ª Assembleia Geral da Associação Internacional de Radiodifusão (AIR), no Rio. O relatório aponta que cinco jornalistas já foram assassinados no Brasil este ano. Em 2012, houve seis casos. Só este ano, já foram registrados 136 casos de violência a profissionais da imprensa, contra 51 no ano passado – um salto de 166%.
“O ano de 2013 ficará marcado como um ano negro para a liberdade de expressão e imprensa no nosso país. Primeiro, pelo salto exponencial no número de violações contra jornalistas e veículos de comunicação. Segundo, porque, mesmo num país com democracia avançada e num ano em que comemoramos 25 anos da Constituição, a liberdade de expressão é uma garantia que não está plenamente consolidada” disse Daniel Slaviero, presidente da Abert.
Outro dado preocupante trata do número de veículos de comunicação que sofreram censura: subiu de três para quatro. Para Slaviero, a censura judicial é um dos problemas mais graves apontados pelo relatório:
“É uma fonte grave de preocupação, uma censura proveniente da Justiça, um dos poderes que mais deveriam zelar pelo exercício da profissão, é a fonte de decisões que proíbem os veículos de tratar de determinados assuntos”, afirmou.
Na Paraíba – Tanto o Sindicato dos Jornalistas da Paraíba e do Conselho Estadual dos Direitos Humanos, agora é a vez do Clube dos Oficiais da Polícia e Bombeiro Militar, da Caixa Beneficente da Polícia Militar e do Clube dos Subtenentes e Sargentos da Polícia Militar já emitiram nota de apoio aos jornalistas que estão sendo vítimas de perseguição política na Paraíba. O caso mais emblemático é o do jornalista Rubens Nóbrega, que foi processado três vezes pelo Governador Ricardo Coutinho (PSB).
Os processos foram motivados devido às críticas que o jornalista tem feito em sua coluna diária no Jornal da Paraíba. Em um dos artigos, em que Rubens comentou sobre os processos, ele chegou a dizer ao governador que não tinha medo de intimidação e que continuaria denunciando os descasos de seu governo.
Eis, na íntegra, a nota recente divulgada pelo Clube de Oficiais da Polícia Militar:
Solidariedade
O presidente do Clube dos Oficiais da Polícia e Bombeiro Militar da Paraíba, Coronel Francisco de Assis, da Caixa Beneficente, Coronel Maquir Cordeiro e dos Subtenentes e Sargentos, Tenente Marcílio Braz, que sempre zelaram pela liberdade de expressão, assim como da ética profissional, se solidarizam com os jornalistas Rubens Nóbrega (Jornal da Paraíba), Marcos Oliveira e Jozivan Antero (PatosOnline) e Cláudia Carvalho (ParlamentoPB) que são vítimas de fortes pressões políticas e processos na Justiça devido a suas atuações corajosas na imprensa paraibana. Nosso repúdio a este governo RC que não admite o contraditório, se achando sempre o dono da verdade.