EXCLUSIVO – Conversei descontraidamente com o prefeito de Campina Grande, Veneziano Vital do Rego, horas antes de ele ser recebido pelo governador Ricardo Coutinho em Palácio.
Estava tranquilo e infalível como Bruce Lee, diria Caetano. Compenetrado como um samurai que vai à guerra em nome de sua gente e sabe que não pode perder o combate, diria Confúcio.
Não que já haja uma guerra da parte de Veneziano no que se refere à antecipação da disputa com Ricardo pelo Governo do Estado em 2014.
Mas, Veneziano não recuará um milímetro pela sua gente.
Campina espera muito dele e ele quer sensibilizar o governador. Guerra política só em último caso, se não houver mais jeito de conciliar.
Afinal, o campinense elegeu Veneziano para defendê-la e isso, tenha certeza, ele fará. Esta entrevista serviu para captarmos o clima da pré-audiêcia.
Blog – O que o senhor achou dos cem dias de Ricardo? O governo dele chegou a Campina?
Se chegou ninguém viu ainda. Pelo que acompanhei na imprensa, ele não fez qualquer avaliação sobre os cem dias, porque simplesmente não tinha o que avaliar. Limitou-se a prometer mais. No caso de Campina, falou do Porto Seco, que é uma iniciativa que já foi lançada na FIEP, pelo então governador José Maranhão e que agora ele se aproveita para tirar dividendo político. Falou, também, do CITTA, uma iniciativa viabilizada pela Prefeitura de Campina Grande e outros protagonistas. O que Campina Grande esperava era que ele anunciasse o apoio ao São João que a cidade quer, a regularização dos repasses para a Saúde, a regularização dos professores, para que as aulas nas escolas estaduais sejam normalizadas, os investimentos em Segurança Pública que ele prometeu, dentre outras ações que, até agora, ninguém viu.
Blog – O que os políticos campinenses aliados de Ricardo Coutinho tem feito para contribuir com a cidade?
Olha, semana passada pedi a compreensão do vice-governador e do deputado Romero Rodrigues, que foram bem votados na cidade, para que intercedessem e tentassem sensibilizar o governador a atender os pleitos de Campina. Mas até agora eles estão calados. Não os vi defendendo nada em nome de Campina, nem o São João, nem as ações que a cidade tanto almeja.
Blog – Esta semana o prefeito de João Pessoa anunciou que vai pagar o décimo terceiro dos Agentes de Saúde, o que não ocorria desde a época em que Ricardo Coutinho era prefeito da capital. Como é a situação dos ACSs em Campina?
Em 2005, quando assumimos, encontramos uma situação muito precária dos agentes. Eles não tinham vínculo algum com a administração municipal. Não recebiam décimo terceiro, nem férias, nem tinham direito a outros benefícios que são garantidos por Lei. A partir de então, mudamos esta realidade. Os agentes tornaram-se efetivos, via concursos públicos que realizamos, passaram a ter décimo terceiro, terços de férias. Além disso, também melhoramos a situação de outras categorias da Saúde, com a incorporação de gratificações aos salários. Também triplicamos o número de equipes do Programa Saúde da Família. Para você ter uma idéia, o bairro das Malvinas, o maior e mais populoso da cidade, não tinha sequer uma única equipe do Saúde da Família para atender à população. Hoje o bairro das Malvinas, por exemplo, tem 100% de cobertura do PSF.
Por falar em concurso, como o senhor conseguiu contratar tanta gente por concurso na administração?
Outro problema que encontramos quando assumimos a Prefeitura foi a grande quantidade de gente que entrou na administração municipal pelo favorecimento político. Só para você ter uma idéia, a Prefeitura de Campina Grande tem, hoje, cerca de 9.500 funcionários. Destes, mais de 4.500 entraram na Prefeitura na nossa gestão, fazendo concurso. Acabamos com o critério do favorecimento político para contratar e adotamos a política do concurso. Hoje, quem trabalha na Prefeitura não deve favor a ninguém. Apenas agradece a decisão que tivemos de fazer concurso e, mais que isso, contratar os aprovados. Fizemos sete grandes concursos e estamos com mais dois editais lançados, com mais de 300 vagas disponibilizadas.
Blog – Que porcentagem de sua gestão o senhor credita à atuação do ex-deputado federal e hoje senador Vital do Rego e à deputada federal Nilda Gondim?
Vitalzinho tem sido um verdadeiro representante de Campina Grande em Brasília. Para você ter uma idéia, em quatro anos como deputado federal ele conseguiu para a cidade cerca de R$ 260 milhões em investimentos dos mais diversos: saúde, educação, transporte, infra-estrutura… E Vitalzinho, agora, como Senador, está fazendo muito novamente. Muitas de nossas ações não seriam possíveis se não fosse pela sua atuação. A continuidade da atuação de Vitalzinho na Câmara está a cargo, agora, da deputada Nilda Gondim. Ela tem se desdobrado e conseguido manter a regularidade com que Vitalzinho conseguia nos ajudar em Brasília. Posso garantir que Campina Grande tem em Vitalzinho e Nilda Gondim dois grandes sustentáculos em Brasília, além das sinalizações positivas que temos de parlamentares como Wellington Roberto e Aguinaldo Ribeiro.
Blog – O senhor será mesmo candidato a governador em 2014?
Esse assunto não é oportuno que seja discutido agora. Estamos preocupados com a administração da cidade. Temos mais de um ano e meio ainda de administração. E, antes mesmo de 2014, temos uma eleição municipal em 2012, que também só deve ser tratada no tempo certo. Agora, claro que fico feliz pela lembrança do nosso nome. O que posso dizer para você é que o sonho de ser o prefeito da minha cidade e, mais que isso, ser prefeito e poder chegar ao final da gestão dizendo, de peito aberto, que pude contribuir para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos, foi realizado. Me sinto realizado plenamente.
Blog – E essa história de aliança com Cássio, até que ponto é verdade?
Tenho com o ex-governador uma relação respeitosa. Mas não passa disso. Campina Grande e a Paraíba sabem que estamos em campos políticos opostos. O que, por outro lado, não deve ser confundido com inimizade. Não tenho inimigos políticos, mas adversários. Recebi os diretores da AACD em audiência, no Gabinete, e o ex-governador acompanhou. Discutimos a implantação de uma unidade da ARCD em Campina e só. Nada de política. O mais foi fruto da imaginação de mentes férteis ou de conclusões incentivadas por alguém.
Blog – Acompanhei sua campanha em 2004 e vi um Veneziano disposto, que subia e descia ladeiras em Campina Grande com desenvoltura, indo de casa em casa, de porta em porta, pedindo uma chance para mostrar que poderia fazer mais por Campina. O senhor terá essa mesma disposição para percorrer a Paraíba em 2014, se for candidato?
Campina e boa parte da Paraíba conhecem o modo como fazemos campanhas. É assim mesmo como você disse, visitando as pessoas, indo às suas casas, conversando, convencendo pelas atitudes e pelas idéias. Não somos, por exemplo, de fazer campanha de baixarias. Como te disse, fico feliz com a lembrança do meu nome para 2014, mas só podemos discutir esse assunto no tempo certo. De qualquer forma, digo que estou, sim, em forma e disposto para qualquer missão que me for confiada.
Blog – Obrigado pela entrevista, Vené.
Eu agradeço e me mantenho ao dispor. Que Deus continue nos abençoando, sempre!