Procuradores que atuam na força-tarefa da Operação Lava Jato afirmaram estar preocupados com articulações de políticos no Congresso Nacional na tentativa de mudar a legislação eleitoral e também anistiar a prática de caixa dois. As declarações foram feitas em Curitiba durante entrevista coletiva convocada para fazer um balanço dos três anos de operação.
“Basta uma noite no Congresso Nacional e toda a operação pode cair por terra”, afirmou o procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima.
De acordo com o procurador, a classe política busca encontrar medidas que possam restringir a atuação da Lava Jato. “Os políticos tentaram passar inúmeras medidas para restringir e não alavancar as restrições criminais. Temos órgãos que, em vez de apoiarem os acordos de leniência, tentam impedir que as empresas falem sobre os equívocos cometidos”, afirmou Santos Lima.
Segundo os procuradores, um dos pontos que mais preocupa é a possibilidade de anistia ao caixa dois. “Trata-se de uma discussão que só interessa a quem promoveu os atos de corrupção.”
Para o coordenador da força-tarefa, Deltan Dallagnol, existe um claro conflito de interesses entre a sociedade e os parlamentes. “Os propósitos de ambos são divergentes. As discussões sobre anistia ao caixa dois são apenas uma cortina de fumaça para a discussão real da anistia à lavagem de dinheiro”, disse o procurador.
Dallagnol defendeu restrições ao foro privilegiado. “O Supremo Tribunal Federal precisa buscar métodos diferentes para os julgamentos a fim de evitar passar uma mensagem de impunidade à sociedade brasileira”, declarou.
Durante os três anos de operação, foram realizadas 38 fases, com 748 mandados de busca e apreensão, segundo o coordenador da força-tarefa, Dalton Dallagnol. “Até o momento, 266 pessoas foram acusadas criminalmente, com 50% delas acusadas criminalmente.”
Mencionando a relevância da operação no combate à corrupção, Dallagnol celebrou o fato de a Lava Jato tentar repatriar R$ 38,1 bilhões.
Fonte:Estadão