A relação pouco amistosa entre o presidente Jair Bolsonaro e seu par francês, Emmanuel Macron , atingiu níveis sem precedentes nesta semana, mergulhando os dois países em uma crise diplomática.
A predisposição para uma boa relação entre os dois lados sempre foi escassa, uma vez que a ala ideológica do governo Bolsonaro vê em Macron, defensor da União Europeia e das instituições multilaterais, um representante do “globalismo”, que representaria uma ameaça à soberania nacional.
No entanto, o relacionamento bilateral começou mesmo a azedar quando Bolsonaro cancelou uma reunião com o chanceler francês em Brasília, no final de julho, e, no mesmo horário, foi cortar o cabelo com transmissão ao vivo pela internet. No final de semana, os ataques do governo brasileiro chegaram ao plano pessoal, quando o ministro da Educação, Abraham Weintraub, chamou Macron de “calhorda oportunista” no Twitter e, no Facebook, o presidente brasileiro endossou um comentário sexista sobre a mulher do colega francês, Brigitte.
A troca de ofensas mais recente começou quando Macron postou em sua conta do Twitter uma mensagem sobre os incêndios na Amazônia, no dia 22 de agosto. Em sua mensagem, Macron pediu que os países do G7, que se reuniriam dali a dois dias na França, pusessem a “crise internacional” em pauta no encontro. Ele usou uma foto antiga de uma queimada na Amazônia, tirada pelo fotojornalista Loren McIntyre, morto em 2003.
Bolsonaro aproveitou a imagem anacrônica para criticar o presidente francês, lamentando que Macron buscasse “instrumentalizar” uma questão interna do Brasil para “ganhos pessoais”. Segundo o presidente, o “tom sensacionalista” adotado por Paris “não contribui em nada para a solução do problema amazônico” e evoca “mentalidade colonialista descabida no século XXI”.
Em resposta, Macron acusou Bolsonaro de mentir quando lhe disse na cúpula do G20 que estava comprometido com o Acordo de Paris e afirmou que seria contrário ao acordo entre União Europeia (UE) e Mercosul caso o governo brasileiro não mudasse sua política ambiental: “Tendo em conta a atitude do Brasil nas últimas semanas, o presidente da República só pode constatar que o presidente Bolsonaro mentiu para ele na ocasião da cúpula (do G-20) de Osaka”, disse o Palácio do Eliseu, em nota.
Com informações do O Globo