Edição desta segunda-feira, 14, entrevista o prefeito de São Paulo, João Doria. Ele recebeu a equipe do podcast ‘Estadão Notícias’ em seu gabinete na Prefeitura na última sexta-feira, 11. Doria não confirma sua candidatura à Presidência da República, mas já está com o discurso ensaiado para atacar o ex-presidente Lula, que se coloca como um dos postulantes ao cargo. A ofensiva já vem sendo testada há algum tempo, mas quando questionado sobre colocá-la em prática pessoalmente, diante de Lula, Doria não hesitou: “Terei um enorme prazer em fazer isso. Para desmascarar o ex-presidente Luiz Inácio ‘Mentiroso’ da Silva. Porque ele mente costumeiramente. E mente com uma desfaçatez impressionante. Lula é um grande ator, dos mais brilhantes aliás, porque mente com tamanha convicção que até ele acredita na mentira que ele propaga e que defende. Ele merece ter um debatedor à altura.”
Enquanto o campo da esquerda e Lula são duramente criticados, Joao Doria se mostra mais comedido ao falar sobre o deputado Jair Bolsonaro, político da extrema direita que também se coloca como candidato para as eleições do ano que vem. “Eu não o desrespeito, até porque tenho visto e acompanhado suas manifestações, embora não concorde com uma boa parte delas. Mas temos uma relação cordial, nunca houve uma relação atritada entre nós. Portanto quero preservar essa relação de diálogo e de bom entendimento”, declara.
Difícil tirar Doria do sério. Mesmo quando interpelado sobre a necessidade da realização de um plebiscito junto a população de SP sobre pacote de desestatizações, o prefeito não perdeu a linha, mas foi objetivo. “O plebiscito já houve. Foi na eleição e eu ganhei com 53% dos votos, exatamente com o discurso da privatização. Ora, se querem um plebiscito, se candidatem em 2020 e disputem a eleição”, disparou. Na última semana, estudantes e militantes ocuparam o plenário da Câmara Municipal justamente para pressionar o legislativo municipal a pautar uma consulta pública em torno do tema.
Críticas também não faltaram ao comentar o teor da campanha que antecede o programa de rádio e TV de seu partido, o PSDB, no próximo dia 17. “O não compartilhamento prévio com as lideranças do PSDB compromete muito o sentido e o objetivo dessa mensagem, porque faz um fortíssima autocritica e não justifica o porquê. E ainda faz isso em forma de teaser. Que, ao meu ver, muito antes de ser criativo, é temerário, porque coloca um sentimento de falha, de incapacidade do PSDB, até de forma absoluta, quando afirma que os erros foram cometidos. Mas ainda acrescenta ‘não adianta pedir desculpas’. Ora, é quase que um certificado de sepultamento do partido”, declarou.
Em pouco mais de vinte minutos de entrevista (íntegra no player acima), o prefeito João Doria ainda opinou sobre reforma política (financiamento público e distritão), falou sobre afagos do presidente Michel Temer, além de defender sua gestão à frente da cidade mais populosa do País, em temas como os problemas com semáforos e buracos nas vias, além da polêmica ação na cracolândia.
Fonte: Estadão