Yo tengo tantos hermanos, cantava Mercedes Sosa. Eu só tenho três irmãos de sangue, apesar de centenas forjados na luta de anos como Dom Quixote movendo os moinhos de vento.
Clilson, Rogério e Anderson. Três figuras distintas. O primeiro é multimídia, o segundo cientista popular e o terceiro é doutor em Química Industrial.
Se tivéssemos nascido no oriente médio teríamos potencial talibã e, além de família, seríamos uma poderosa celular terrorista, pois juntos somamos muitas habilidades.
Meu pai era negro, minha mãe nórdica. Miscigenação geral. Um avô era maestro e pastor, o outro tinha sangue no olho e era muito cético.
Uma avó se chamava Linda, de tão linda que era. A outra Mãe Ana e assim era chamada por toda a Cacimba de Dentro quando decidiu ir embora aos quase cem anos.
Ti, assim todos chamavam meu pai, um negro charmoso e fazedor de amigos, mas seu nome era Clilson.
Dila, assim muitos ainda chamam minha mãe, uma galega natural que misturou as cores e fez nascer filho de toda cor, branco, moreno e pardo.
Lá do alto da Pedra do Tendó eu tive ontem uma visão, um lampejo e, ao avistar Patos florescendo feito a flor do lácio no que pode ter sido a cratera de um vulcão cercado de cordilheiras, como se estivéssemos no Deserto de Atacama, no Chile, conclui que estamos mesmo em pleno Armagedom, com vários cavaleiros do apocalipse com dedos sobre os botões e a certeza de que aqui estamos a salvo para reiniciar o ciclo do começo, meio e fim, Pai, Filho, Espírito Santo.
Dércio Alcântara