Outubro inicia a despedida e novembro já bate na porta querendo entrar e assim um dos anos mais difíceis de nossas vidas inicia o recuo para a coxia, deixando a ribalta à espera de um novo ciclo de doze meses, que atenderá pelo pomposo nome de 2012.
A vida é um espetáculo com personagens bons e maus, cenas deslumbrantes e momentos à meia luz.
Cazuza lamentou seus heróis que morreram de overdose, mas em nenhum momento culpou seus inimigos que estão no poder, queria apenas uma ideologia para viver.
Mártir pós-moderno, ele foi começo, meio e fim de uma geração Coca-cola, símbolo do desbunde e do descompromisso de quem não tinha mais nenhuma ditadura para derrubar como a minha geração teve, lutou e venceu.
Causa-me espanto e profunda tristeza esbarrar em um Pedro Osmar funcionário público, olhar em seus olhos e não encontrar aquele visionário do Beco do Suvaco.
Pedro hoje se contenta com os zeros a direita de seu contracheque e siliência diante da mediocridade da política cultural.
Se o Jaguaribe um dia foi carne, hoje em dia é osso. Osso para o público externo, entenda-se bem, pois a turma ta remediada, podendo e até convidados de honra do pavilhão da Festa das Neves são para assistir de cadeira cativa o evento que destruiram.
Deixa-me intrigado a capitulação de Chico Cesar, recuando para dentro da aldeia quando o céu era o limite.
Walter Santos me liga indignado com a programação da Rádio Tabajara, que em pleno sábado a tarde prefere tocar hits da época da discoteca a manter o respeito e fomentar a cultura paraibana e brasileira como é o seu papel constitucional.
Clichê do clichê, o que a política cultural do PSB faz a não ser copiar em menor escala o que Carlos Aranha e Raimundo Nonato fizeram com o Projeto Araponga, mais de duas décadas atrás? Há uma crise de identidade, há um deslumbramento que coloca em segundo plano os projetos e em primeiro o “da cá o meu”.
Há rumores e empenhos de que no camarim do show de Maria Bethânia no Busto de Tamandaré o poder público bancou uma farra de 150 mil reais em canapés e bebidas importadas.
Só para comparar com estatísticas, com esse desperdício e deslumbre da newelite cultural dava para contratar 10 artistas locais pagando-lhes um cachê decente de 15 mil reais para cada, uma coisa acima da média quando a realidade não passa de 5 mil para a prata da casa.
Mais grave ainda, há relatos de calotes e atrasos quando o artista é paraibano, fato que não ocorre quando a estrela é nacional, que recebe antecipado.
Não posso provar, mas dizem que o secretário de Cultura Chico Cesar só se mantém com esse status pelo escambo cultural que lhe proporciona.
Nada ilegal, mas de certa forma imoral, pois para cada show que contrata para os eventos na Paraíba, recebe em troca outro para fazer em eventos fora da Paraíba, uma coisa tipo toma lá da cá, ou o mesmo é dando que se recebe tão comum à classe política.
Até quando vamos ficar calados diante do embuste? Até quando veremos o patrimônio público dilapidado ou usado como background de quem chegou com uma fome danada ao poder?
Como diria Zé Ramalho, diante de tanta escuridão só nos resta bater na porta do céu e pedir providências.