A Secretaria Especial de Cultura contratou uma empresa paraibana que não tem funcionários ou matriz física, por R$ 3,6 milhões e sem licitação. Sediada em uma caixa postal de um endereço virtual, a Construtora Imperial Eireli deverá atuar na manutenção e conservação do Centro Técnico Audiovisual (CTAv), que fica na Zona Norte do Rio, em Benfica, e guarda relíquias do cinema nacional.
O curioso é que a empresa está localizada a 2,4 mil km do local e seu escritório virtual é especializado em fazer “gestão de correspondências”.
O Jornal O Globo revelou o nome da empresária e proprietária da empresa: Danielle Nunes de Araújo. A mulher chegou a se cadastrar no auxílio emergencial e recebeu R$ 3,9 mil referente a oito meses de pagamento do benefício. Ela confirmou que tem o hábito de realizar reuniões no local para tratar de contratos, mas, o dono do espaço afirmou que não tem recordações de ter recebido Danielle ou qualquer outro colaborador da construtora.
Parentes e conhecidos da mulher também não a identificaram como empresária, mas sim como uma dona de casa discreta que estava passando por dificuldades financeiras recentemente.
Segundo a base de dados do Ministério da Economia, declaração da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), entregue em 2019, ano em que a empresa foi criada, não registrou sequer algum funcionário da Construtora Imperial.
Esta foi a última declaração entregue a pasta, que determina a atualização das informações anualmente. Além da firma não ter um site ou qualquer outro meio de esclarecer os serviços que presta, ela nunca prestou serviços ao governo.
O suposto combinado, porém, seria para a Construtora atuar na manutenção do CTAv, depois de um estudo encomendado pelo próprio centro técnico ter apresentado riscos de incêndio e desabamento do prédio. O documento informou, ainda, que havia “desaprumo de telhas na fachada frontal”.
Em um comunicado oficial, a Secretaria Especial de Cultura alegou que “o contrato emergencial do CTAV obedeceu aos requisitos legais, e foi escolhida a proposta de menor preço”. O texto acrescentou, ainda, que “a empresa em questão possui inúmeros contratos anteriores com a administração pública.