O deputado federal Luiz Couto pode ser qualquer coisa, menos louco. Tem juízo, é sabido, padre e pragmático e, nessa coisa mal contada de que quase foi assassinado, só lhe traz dividendos políticos.
O que lhe pode render em manchetes e valor agregado enquanto defensor dos direitos humanos mais do que a notícia de que escapou de mais uma emboscada armada pela pistolagem?
Eu mesmo respondo, se o amigo leitor não pegou o espírito da coisa. Ser emboscado, tombar como mártir, cristão crucificado. É isso que lhe dará notoriedade.
Couto denunciou no Plenário da Câmara uma história, ou estória, sórdida e minimalista sobre um plano arquitetado para lhe tirar a vida.
Segundo ele e sua assessoria contam, um roteiro fantástico do Linha Direta foi encenado para lhe aniquilar. Tem dois pistoleiros de Alagoas, 500 mil reais em cachê e uma superarma com mira de precisão, um articulador e um mandante. Perfeito.
O detalhe é que ele afirmou que quem desbaratou e lhe contou tudo e salvou a vida foi um assessor de primeiro escalão do governador Ricardo Coutinho.
O problema é que o suposto mandante é assessor de primeiro escalão do governador Ricardo Coutinho.
Mais grave ainda, o dinheiro para pagar os pistoleiros e a arma do crime foram transportados em um carro oficial pelo ex-diretor do presídio do Roger.
Diante das acusações do deputado Luiz Couto só resta ao governador chamar seus dois auxiliares de primeiro escalão, Cláudio Lima, secretário de Segurança e acusador, Walber Virgolino, secretário de Administração Penitenciária e acusado, para uma acareação.
Afinal, um deputado federal aliado de Ricardo Coutinho credita a um a sua vida e ao outro a sua morte.
Soube que RC se reuniu com os dois auxiliares na Granja nesta terça feira e o mínimo que o deputado Luiz Couto deve esperar é que o acusado deva sair de lá exonerado e algemado pelo acusador.
Caso contrário, rompe. Pode romper, pois ninguém será preso, ninguém será exonerado.
Luiz Couto é qualquer coisa, menos louco. Um padre que vira deputado por defender os direitos humanos vira notícia internacional se for assassinado. Mas, um padre que escapa sucessivamente das emboscadas ou tá inventando ou já morreu politicamente e tá doido para ressuscitar.
EM TEMPO: a não ser que dois secretários estejam querendo um engolir o outro e Couto tenha sido utilizado como bobo alegre. Mas se isso tiver acontecendo o deputado tem mais um motivo para pedir a cabeça de alguém a RC.