O PT realizou neste sábado (7), em São Paulo, evento de lançamento da pré-candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República em 2022. O ato, na Expo Center Norte, zona Norte de São Paulo, confirma a indicação do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB) como candidato a vice na chapa.
Em evento marcado por referências às campanhas passadas do ex-presidente Lula, alertas sobre os riscos para a democracia e severas críticas ao governo Jair Bolsonaro, o petista disse que o “o Brasil precisa voltar a ser um país normal”.
Batizado de “Vamos Juntos Pelo Brasil”, o encontro reuniu lideranças políticas e militantes de todos os partidos que devem apoiá-lo nas eleições.
Em discurso de 47 minutos após uma fala de Alckmin, Lula usou o mote da soberania para criticar o atual governo em diferentes áreas, relembrar feitos de seus dois mandatos (de 2003 a 2010) e fazer promessas. Na parte final de sua fala, afirmou que o Brasil precisa “voltar a ser um país normal”.
“É preciso dizer com toda clareza. Para sair da crise, crescer e se desenvolver, o Brasil precisa voltar a ser um país normal, no mais alto sentido da palavra. Não somos a terra do faroeste, onde cada um impõe a sua própria lei”, disse. “Temos a lei maior, a Constituição, que rege a nossa existência coletiva. E ninguém, absolutamente ninguém, está acima dela. Ninguém tem o direito de ignorá-la ou de afrontá-la.”
Na sequência, o ex-presidente afirmou que “é imperioso que cada um volte a tratar dos assuntos de sua competência, sem exorbitar, sem extrapolar, sem interferir nas atribuições alheias”.
Sem fazer menção explícita às críticas e ameaças frequentes de Bolsonaro e apoiadores do presidente ao sistema eleitoral, Lula afirmou: “Chega de ameaças, chega de suspeições absurdas, chega de chantagens verbais, chega de tensões artificiais. O país precisa de calma e tranquilidade para trabalhar e vencer as dificuldades atuais. E decidirá livremente, no momento que a lei determina, quem deve governá-lo”.
Num dos momentos mais fortes do discurso, exclamou: “Queremos voltar para que ninguém nunca mais ouse desafiar a democracia. E para que o fascismo seja devolvido ao esgoto da história, de onde jamais deveria ter saído”.
Geraldo Alckmin e a Covid-19
Diagnosticado com covid-19, o ex-governador afirmou que estava triste por não poder estar presente ao evento. Num discurso de 15 minutos transmitido num telão instalado no pavilhão, Alckmin (PSB) fez juras de lealdade ao petista.
“Nada, nenhuma divergência do passado, nenhuma diferença do presente, nada, absolutamente nada, servirá de razão, desculpa ou pretexto para que eu deixe de apoiar a volta de Lula à Presidência”, disse Alckmin. “Com muito orgulho faço isso.”
“Democracia é marcada por disputas. Disputas fazem parte do processo democrático. Mas acima, algo mais urgente e relevante se impõe: a defesa da própria democracia”, disse.
Mais adiante, Alckmin afirmou que viu “um chamado à razão” quando Lula manifestou interesse na chapa. Depois de fazer várias críticas ao governo Jair Bolsonaro, afirmou que “o Brasil tem mais desastroso e cruel governo de sua história”.
No fim de seu discurso, Alckmin agradeceu a Lula “pelo privilégio de sua confiança” e fez uma brincadeira com seu próprio apelido. Disse que lula é prato que cai bem com chuchu. “Que se torne um hit da nossa culinária.”