Com foco na oportunidade de restauração da Mata Atlântica, instituições se unem para promover a restauração de mais de 30 mil hectares de floresta, em uma iniciativa que, além de promover a recomposição do bioma com espécies nativas, contribuirá com a segurança hídrica de mais de 13 milhões de pessoas que são abastecidas pela bacia do Guandú, no estado do Rio de Janeiro.
Estamos falando do Programa de Restauração Florestal Corredor Tinguá-Bocaina, que será lançado nesta quarta-feira, 7 de junho, no Rio de Janeiro. O programa da Cedae é realizado em parceria com a The Nature Conservancy (TNC) Brasil, organização não governamental que trabalha em escala para a conservação do meio ambiente, e o Governo do Estado do Rio de Janeiro e tem por objetivo o reflorestamento e a conservação do corredor ecológico entre a Serra do Tinguá e a Serra da Bocaina, contribuindo com a manutenção da biodiversidade e dos recursos hídricos, e com a promoção do desenvolvimento sustentável.
Além da recomposição de 30 mil hectares e, consequentemente, o fomento à segurança hídrica, o programa possibilitará a conservação de mais de 20 mil espécies nativas, sendo 6 mil delas endêmicas da Mata Atlântica, ou seja, que só ocorrem ali.
A iniciativa faz parte de um projeto ainda mais amplo de parceria entre as organizações para avançar em políticas públicas que promovam a recuperação deste importante bioma, que hoje tem apenas cerca de 12% de sua floresta original, em consequência dos diversos ciclos econômicos de exploração desde o século 16 até os dias atuais.
A diretora executiva da TNC Brasil, Frineia Rezende, lembra que a ação está alinhada aos objetivos da ONU, que declarou esta como a Década da Restauração de Ecossistemas e que iniciativas como essa são fundamentais para preservação da biodiversidade e combate às mudanças climáticas. Além disso, a Mata Atlântica está agora inserida como uma das Iniciativas de Referência da Restauração Mundial (Flagship, em inglês), nomeação das Nações Unidas que reconhece o trabalho de restauração florestal do bioma como um dos mais promissores e relevantes do mundo.
“Não há futuro para a humanidade sem a natureza. A Mata Atlântica é um dos biomas que mais perdeu vegetação nativa no Brasil e é também um bioma fundamental para os brasileiros, já que abriga 70% da nossa população. Restaurar esse bioma é essencial para combater as mudanças climáticas e possibilitar que sociedade e natureza prosperem juntos. As Soluções baseadas em Natureza, como a restauração por exemplo, podem promover até 1/3 das ações necessárias para redução dos gases de efeito estufa e parcerias como esta, entre os setores público, privado e terceiro setor, são fundamentais para que os projetos sejam integrados e ganhem a escala necessária”.
Nesse contexto, uma das ferramentas essenciais para fortalecer o engajamento e avançar na agenda de restauração é a plataforma online Portal da Mantiqueira. Esta plataforma propicia o registro e acompanhamento dos resultados do Programa, criada pela TNC Brasil e já sendo utilizada pelo INEA, por meio de parceria realizada em janeiro deste ano e que permitirá uma gestão integrada das ações de meio ambiente no estado.
Economia
Já o presidente da CEDAE, Aguinaldo Ballon, lembra que o programa irá fortalecer o engajamento nas ações de restauração florestal na bacia do Guandú, por meio do apoio a projetos de proteção e recuperação de mananciais. E que as medidas propostas integram desenvolvimento social, ambiental e econômico.
“Estamos promovendo a recuperação ambiental desse importante bioma que é a Mata Atlântica, mas também fomentando a economia por meio de capacitação, oportunidades de trabalho e geração de renda”.
Vale lembrar que estudo lançado em julho de 2022 pela Sociedade Brasileira de Restauração Ecológica (SOBRE), Pacto pela Restauração da Mata Atlântica (Pacto), Aliança Pela Restauração na Amazônia e Coalizão Brasil, Clima, Floresta e Agricultura, com apoio de importantes instituições da agenda de restauração do Brasil, como a The Nature Conservancy (TNC) Brasil e World Resources Institute (WRI) Brasil, mostrou que, no Brasil, a restauração florestal ativa tem capacidade de gerar 0,42 emprego por hectare. O que significa dizer que o projeto tem a possibilidade de gerar mais de 12 mil empregos diretos e indiretos.
Corredor de Biodiversidade Tinguá-Bocaina – A região do projeto possui grande importância ambiental, principalmente para a manutenção da biodiversidade e dos recursos hídricos. O corredor Tinguá-Bocaina perpassa por nove municípios dos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, e abrange diversas áreas naturais e unidades de conservação, incluindo parques estaduais, reservas biológicas e outras áreas protegidas. No entanto, ao longo dos anos, essa região tem sofrido com desmatamento, degradação ambiental.
Evento – O evento vai contar com a participação da diretora executiva da TNC Brasil, Frineia Rezende, do vice-governador e secretário de Estado do Ambiente e Sustentabilidade, Thiago Pampolha, e do presidente da Cedae, Aguinaldo Ballon. O projeto faz parte das ações do Governo do Estado e da Cedae em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente.