A senadora pelo Mato Grosso do Sul, Simone Tebet, foi a pioneira em diversos segmentos desde que entrou na vida pública. Ela foi a primeira prefeita mulher de sua cidade, Três Lagoas, e também a primeira mulher a ser vice-governadora do Mato Grosso do Sul. Quando senadora, foi a primeira mulher a presidir a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, a mais importante do Senado Federal e ainda foi a primeira mulher a ser candidata a presidência da Casa. Em 2021, a atuação da parlamentar é destaque na Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga as omissões do governo federal no combate à Covid-19.
Nesta sexta-feira (27) a senadora participou, através do telefone, do programa 360 graus. Na conversa com os jornalistas da bancada Simone comentou sobre a CPI da Pandemia, que no decorrer das averiguações identificou mais irregularidades do que as previstas antes da instauração da comissão. O objetivo inicial era investigar a inércia do governo federal com relação à compra de vacinas contra a Covid-19, da negação as recomendações científicas para prevenção da doença, da crise de oxigênio no Amazonas e da falta de sedativos para a intubação de pessoas em estado grave.
“E a CPI alcançou o seu objetivo no cumprimento da primeira fase. Constatamos quem são os responsáveis, constatamos que efetivamente não houve o devido tratamento por parte do governo federal na condução da pandemia. Vale a pena lembrar que o governo trocou quatro vezes o ministro da Saúde durante a pandemia e só agora colocou um técnico, alguém que entende de saúde, que é o paraibano ministro Marcelo Queiroga. Então, o governo estimulou a imunidade de rebanho por contaminação ‘não precisa tomar a vacina não, isso é uma gripezinha’ isso está constatado. Só que infelizmente, no meio do caminho haviam grandes pedras. Nós constatamos, está chegando ao final agora a CPI no sentido que havia um esquema muito grande de corrupção, de propinoduto dentro do Ministério da Saúde, é nesse sentido que está se encaminhando a conclusão dos trabalhos”, expôs a parlamentar.
Antes instaurada para investigar a omissão do governo de Jair Bolsonaro, os trabalhos da comissão foram redirecionados para o esquema de propinas na compra de imunizantes, que antes eram negados pela gestão. Sobre o atual presidente da república, Simone Tebet é cortês ao adjetiva-lo, dizendo que o mandatário ainda não tem consciência da importância do seu cargo e da importância das palavras, falando o que não deveria e agindo de forma indevida. É um presidente que pensa, fala e age como um negacionista.
“O presidente é no mínimo alguém que não tem filtro naquilo que fala. No máximo é alguém, que é o que eu penso, que infelizmente não estava preparado, não está preparado, para gerir um país da riqueza, da grandeza que é o Brasil. Mas, principalmente, da grande diversidade que somos todos nós, com todas as mazelas, com todos os problemas”, ponderou, destacando que em três anos de governo não foi apresentado nenhum grande projeto de cunho social.
A história do MDB, partido ao qual a senadora é filiada tem um histórico de luta em defesa da democracia, pauta que fervorosamente segue defendendo, acolhendo todas as matrizes ideológicas. Por isso o partido dialoga com diversas legendas para a construção da candidatura que fará oposição a Bolsonaro. Simone frisa que a preocupação atual não é escolher nomes para serem candidatos a presidente da república, mas se haverá o pleito no próximo ano, em razão das ameaças à democracia feitas pelo atual ocupante do Planalto.
“O MDB, como outros partido de centro, seja de centro-direita ou centro-esquerda, estão sentando para conversar. Não pensem que nós estamos de braços cruzados. Nós conversamos com o PSL que é mais à direita, estamos conversando com o PSB que é mais à esquerda. Todos estão dialogando. Aliás, todos somos civilizados. Mas todos estão buscando alternativas para apresentar ao país. Então, muito claramente a nossa defesa principal não é de nomes mas de valores”, revelou.
Diante da proposta de apresentar candidatos que defendam a democracia, o MDB pensa em lançar a própria candidatura para a presidência e Simone Tebet é uma das cotadas para assumir o desafio. Questionada se aceitaria o desafio, a parlamentar lembra que uma pessoa pública não tem escolhas, estando à disposição das estratégias de seu partido. E ela lembra que a chamada terceira via é almejada pelo brasileiros, que não querem o ex-presidente Lula de volta ao poder e nem querem continuar com Jair Bolsonaro.
“Um homem público não pode fugir de suas responsabilidades. O MDB tem conversado, meu nome tem circulado dentro do MDB, eu tenho colocado meu nome à disposição, como outros colegas também, e nós estamos amadurecendo essa ideia. E até o final de setembro, que foi o prazo que o MDB colocou para alguns colegas, nós estaremos encontrando um nome de consenso dentro do MDB”, acrescentou, salientando que costuma entrar em embates para abrir caminhos, independentemente de resultados.
Assista à entrevista completa com Simone Tebet abaixo: