Talvez você não saiba, mas enquanto o jovem Cristiano era jogado de um hospital para o outro até falecer, o nosso governador curtia o show do Beatle Paul McCartney.
Os familiares de Cristiano só ouviam “não”, mas sua excelência e família se regozijavam com o conforto auditivo e visual de ouvir e ver Paul cantando “Let it Be”.
É como um dia o nosso Belchior cantou: “já faz tempo eu vi você na rua, cabelo ao vento, gente jovem reunida, na parede da memória essa lembrança é o quadro que dói mais…”
Aquele jovem tinha um futuro pela frente, mas foi atropelado pela intransigência de um governador teimoso e insensível e que na hora de sua morte mergulhava no êxtase do passado pisando nas flores do presente.
Desculpe-me os religiosos, mas às vezes ele me lembra um beato obcecado por suas crenças.
Cristiano cometeu o erro de sofrer um acidente de moto na hora errada. Se fosse em outra circunstância estaria vivo para contar o tombo, mas quis o destino que ele virasse o mártir dessa estatística macabra.
Finalizo essa crônica mais uma vez invocando Belchior: “… Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo que fizemos, ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais. Nossos ídolos ainda são os mesmos e as aparências não enganam não, você diz que depois deles não apareceu mais ninguém…”
Governador desça do seu pedestal e governe, seja justo, faça um governo inesquecível pelas coisas boas.
Essa gente merece, pois já sofreu demais.