“A melhor maneira de se praticar segurança é com a prevenção”. Essas são as palavras de Mouhamad Almahmoud, especialista em segurança patrimonial entrevistado nesta sexta-feira pelo Programa 360 Graus. Em tempos onde estamos assombrados pela insegurança, o profissional orienta como os cidadãos devem se portar para preservar a si próprio e seus bens materiais.
Mouhamad costuma ouvir especialistas em segurança para atrair preceitos práticos e, junto com as experiências vividas, formula alternativas que ajudem as pessoas no tocante à prevenção. Atualmente, além da segurança pessoal e patrimonial, a segurança cibernética também preocupa a população. Redes sociais, contas digitais bancárias e celulares podem ser invadidos pelos criminosos que podem roubar seus dados e até mesmo extorquir entes próximos.
Segundo o especialista, diariamente pessoas são vítimas dos golpes digitais, que vão desde pedidos de transferência bancária até falsos sequestros. Ele alerta que é preciso manter a calma quando se cai numa dessas tentativas e verificar se a informação é verdadeira antes de qualquer ação. Mesmo com conhecimento na área, Mouhamad revelou que quase foi uma vítima. Ligaram para o seu celular o convidando para uma entrevista na cidade de Campinas, em São Paulo, mas, ao prestar atenção na conversa, o profissional percebeu que alguns pontos não se conectavam.
“Parei para pensar e fiquei ouvindo. Deixei ele falar. Aí você começa a perceber o sotaque do cara, a forma que ele fala, que não condiz com o cargo que ele ocupa, editor-chefe de um jornal, cheio de erros de português, uma linguagem muito informal. Quando ele terminou de falar eu disse: ‘meu irmão, modéstia à parte, mas você está querendo aplicar um golpe? Eu trabalho com segurança, você mesmo disse’. Na hora ele começou a rir e disse: ‘Eita, tu foi (sic) ligeiro demais, parabéns'”, comentou o profissional, que ainda perguntou ao criminoso se ainda existiam pessoas que caiam num golpe como aquele. Sincero, o golpista disse que somente até às 12h daquele dia já tinha conquistado R$ 11 mil reais com o truque.
E para conseguir mais vítimas, o criminoso busca tocar na emoção das pessoas. “Segurança é uma sensação, é um sentimento. Aí o que é que o golpista faz? ele toca na tua sensação de segurança para te deixar à vontade, tranquilo, seguro. Ele vai passar uma certa sensação de credibilidade e você termina caindo”, alertou Almahmoud.
Com o crescente número de cidadãos caindo em golpes digitais, principalmente via Whatsapp, onde os bandidos enviam um código via sms ao celular da pessoa em questão e conseguem ter acesso ao aplicativo de mensagens, Mouhamad Almahmoud ensina uma dica preciosa. “O que a gente tem que fazer para não cair numa situação como essa, questão de aplicativo: ativar a configuração de duas etapas. Ele pode até colocar esse código mas vai pedir um segundo código, que é uma dupla checagem, que é a configuração de duas etapas. A primeira é o sms, o segundo é o que você configurou”, aconselhou, lembrando de ativar a verificação em duas etapas também no aplicativo Instagram.
Falando sobre a área em que é especializado, o profissional atuante na empresa Planserv, ressalta que os equipamentos de segurança eletrônica instalados nos patrimônios tem função de monitoramento, onde é verificado se algo saiu do controle, se houve alguma invasão no ambiente em questão. “Existem níveis de segurança e existe a parte comportamental do usuário. Não espere que com a segurança eletrônica, por exemplo, que acabou. Não. O usuário tem a sua responsabilidade compartilhada de fazer bom uso do serviço, do equipamento”, salientou.
Uma prática incorreta citada por Mouhamad tem relação ao portão eletrônico nas casas. Muitas pessoas tem o hábito de deixar seu carro em frente à garagem enquanto o equipamento é aberto, o que é errado segundo o profissional, pois podem haver criminosos à espera da entrada do veículo prontos para praticar o assalto. É necessário obedecer algumas regras de segurança como parar do outro lado da rua, observar a área e verificar se não há carros ou pessoas suspeitas, olhar o espelho retrovisor e, com segurança, adentrar à residência.
Contudo, Mouhamad Almahmoud lembra que nenhum equipamento de segurança oferece total proteção e, para que haja mais efetividade, o comportamento dos usuários é fundamental.
“Uma cerca elétrica vai impedir que alguém faça uma invasão no muro, mas existem sabotagens que também podem acontecer. Nada é 100%. Então, a gente recomenda que reforcem a parte estrutural com grades, os muros. O pessoal sempre tem dúvidas com muros, se acha que deve ser um muro com alguma visibilidade de dentro para fora, de fora para dentro, se facilita alguma coisa. É muito relativo do que o bandido também está procurando. Existe o lado bom que quem está passando na rua pode perceber alguma movimentação suspeita dentro da sua casa, por exemplo. Mas um muro alto também pode abrigar um malfeitor”, comentou.
Assista à entrevista completa com Mouhamad Almahmoud: