O Brasil ultrapassou o número de cem mil focos de queimadas, o que não acontecia desde 2012. No município de Chapada dos Guimarães, bombeiros, brigadistas e militares do Exército combatem três grandes incêndios. Um deles, dentro do Parque Nacional.
Segundo os moradores, o fogo começou na beira da rodovia e avançou para os paredões e outros pontos turísticos, como a cachoeira da Salgadeira. Aviões estão ajudando no combate. A fumaça das queimadas na Chapada encobriu Cuiabá.
Na região de Nobres, um grande incêndio atingiu dez mil hectares de um parque e fazendas vizinhas. Por causa do terreno acidentado, que dificulta muito o combate às chamas, em um ponto está sendo usada a técnica do contrafogo, ou seja, está sendo queimada uma faixa de 20 metros para evitar o que o incêndio que está descendo o morro avance e atinja outra área.
“A gente pode ver que é um morro bastante alto aqui, com mata bastante fechada, bastante densa e a linha de fogo é muito extensa. Então, para você colocar homens aí, você coloca eles numa situação de risco. Então, a gente opta por utilizar esta estratégia: aceiro e o contrafogo quando o fogo já está próximo deste ponto”, explicou o tenente dos Bombeiros Gledson Bezerra.
No sudeste do estado, máquinas que estavam no campo foram destruídas. O fogo também atingiu cerca de 250 fardos de algodão que já tinham sido colhidos. Um prejuízo de R$ 1,6 milhão.
Em Sorriso, no Norte de Mato Grosso, o incêndio queimou a palhada, que ajuda no plantio da soja. O produtor contabiliza as perdas.
“Vai dar uns três, quatro mil sacos aí a menos na produtividade. Mas isso daí se alonga por mais quatro, cinco anos para recuperar esse solo onde queimou a palhada do milho”, avaliou Argino Bendin.
Em todo o país já são mais de cem mil focos de queimadas. É o maior número de queimadas em sete anos. Deste total, mais de 73 mil focos são na Amazônia Legal. Mato Grosso é o estado com maior número: quase 20 mil focos. Só de sábado (7) até esta segunda (9), foram mais de mil.
Em São Paulo, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, participou de um debate com empresários. O tema era a agenda nacional de qualidade ambiental. Quase todas as perguntas foram sobre Amazônia. Desde 2010 não se via tanto incêndio na região.
Ao ser questionado sobre a situação do Ibama e do ICMBio, Ricardo Salles criticou governos anteriores.
“Acho que nós tivemos governos anteriores que incharam a máquina pública, gastaram dinheiro com coisas irrelevantes, contrataram em várias áreas do governo políticas públicas. Uma série de despesas e aumentaram o comprometimento da receita sem nenhuma preocupação com a meritocracia, com a eficiência e com o resultado, com obtenção de metas. Isso, infelizmente, é uma chaga que permeia todo o serviço público federal”, disse.
A Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente declarou que, há, sim, necessidade de investimentos nos órgãos de proteção ambiental.
O sindicato argumenta que é preciso fazer novos concursos para o ICMBio e o Ibama, que hoje, segundo o sindicato, têm cerca de quatro mil servidores, e que esses servidores também precisam de capacitação.
Da redação com Jornal Nacional