A polêmica em torno da denúncia de fraudes nas entregas das casas do complexo habitacional Aluízio Campos, em Campina Grande, ganhou mais um capitulo esta semana ao vazar nas redes sociais áudios de diversas pessoas que teriam sido extorquidas por auxiliares do prefeito de Campina Grande Romero Rodrigues (PSD) e de seu vice-prefeito Enivaldo Ribeiro (PP), para que conseguissem estar na relação dos beneficiados que ganharam suas casas.
A Polícia Civil já instaurou inquérito e vai investigar supostas cobranças indevidas para reserva e vendas de casas no complexo habitacional Aluízio Campos, em Campina Grande, no Agreste da Paraíba. Desde o começo desse mês de março um suposto golpe vem sendo denunciado nas redes sociais. De acordo com inúmeros relatos pelo Facebook e pelo Whatsapp uma funcionária da Secretaria de Planejamento de Campina Grande estaria recebendo quantias em dinheiro para viabilizar casas no Complexo Habitacional Aluízio Campos.
Os relatos dizem que uma funcionária se apresenta dentro da Seplan e pede uma quantia entre R$3 mil a R$ 5 mil para colocar o nome da pessoa em uma lista de espera. As unidades que não puderam ser repassadas (por irregularidades ou desistência) são disponibilizadas para os interessados na lista de espera.
Os que deram a quantia pedida ainda não receberam o imóvel e ao procurar por ela e não encontrarem, chegaram a conclusão que ela havia fugido com o dinheiro. Estima-se que cerca de 700 unidades tenham sido “vendidas” nesse esquema. Em um áudio gravado entre um dos “compradores” e a suposta funcionária, ela diz que não fugiu e que as pessoas devem ter paciência para que ela possa “trabalhar”. A funcionária ainda ameaça: “Se vocês forem na mídia, vai perder todo mundo”. A ameaça é verdadeira, pois as unidades habitacionais do Aluísio Campos não podem ser vendidas, alugadas ou repassadas.
Em um dos novos áudios a suposta funcionária da Seplan atende o telefone dizendo: “Aló, é Emanuel?” Do outro lado da chamada o tal de Emanuel responde: “Aló”. A suposta funcionária da Seplan: “Estou te ligando porque eu já liguei para Ana Paula. Converse com Ana Paula porque eu repassei tudo para ela. E eu lhe peço por quro que é sagrado que colabora com a gente. A gente precisa concluir esse trabalho e evite contato com pessoas…”.
Noutra ligação uma suposta vitima dessa auxiliar do prefeito apela para que a mesma devolva os recursos subtraídos: “Pelo amor de Deus que essa mulher devolva esse dinheiro”, disse.
Outra suposta vítima se chama Dayvison que se inscreveu no processo para ganhar uma das casas do Complexo Aluízio Campos. Ele ficou sabendo pela mãe sobre uma pessoa que poderia colocar o nome dele entre os contemplados. “Minha mãe, comentando com ela: meu filho se inscreveu nas casas do Aluízio Campos e tá esperando – porque como era sorteio, a gente tinha que esperar – e ai essa pessoa disse pra minha mãe que conseguiria ajeitar para o meu nome ir para o começo da lista, e ai minha mãe falando com ela, ela disse, oh, a gente consegue ajeitar só precisa de um determinado valor que é para dar a um pessoal da Seplan, um valor de 3 mil e 500 reais se a casa for de esquina e 3 mil reais se a casa for do meio, e essas casas forem conjugadas”, disse o motorista de aplicativo Dayvison Pereira.
O motorista vendeu uma moto que tinha para conseguir o dinheiro, na esperança de sair do aluguel. “Eu assinei 63 folhas de um contrato, com meu nome, com endereço da minha mãe, com valores de prestação informando que durante 10 anos eu iria pagar um valor de 91 reais e 19 centavos, no valor dessa casa; assinei 63 folhas de um contrato, fiz biometria em um dos computadores do banco e ai, que ela levou para o escritório de contabilidade e informou que esse computador era do banco, era vinculado direto com o Banco do Brasil, e ai eu fiz biometria, tirei foto, fiz todo o procedimento que até então qualquer pessoa que fosse sorteado estaria fazendo”, contou.
Um outro homem tentou adquirir duas casas no Complexo. “Me cobraram o valor de quatro mil, numa casa simples, e cinco mil uma casa de esquina. Eu, no entanto, paguei nove mil reais em duas casas, e elas me prometeram que no dia 11 de novembro ia sair essa casa. Só que foi adiado para o dia 29. Chegando ao dia 29 quando a gente tentou entrar em contato com elas, não respondi mais no WhatsApp, não recebia mais ligações e sumiram da cidade”,disse.
Ele também confirma que encontrou com uma mulher que se passava por funcionário do banco responsável pelos contratos e com a suposta funcionária da Secretaria de Planejamento de Campina Grande. “Ela se apresentou como funcionária da prefeitura, fazia parte da Seplan, e como quem toma de conta dessas casas, das entregas, fez todo o processo, foi a Seplan, a gente até então confiou. É tanto que quando chegamos na Seplan atrás dela, ela não tava lá. Já houve o comentário que ele não é funcionária da Seplan, mas a gente já foi buscar com outras pessoas que trabalham na prefeitura e disse que ela existe, ela só não é concursada”, comentou.
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