Uma nova variante foi identificada por pesquisadores do sul da França. Com 12 casos confirmados, a B.1.640.2 ou “IHU”, apresenta 46 mutações e 37 deleções genéticas (alterações cromossômicas).
Dessas 37 alterações, 9 são na proteína “spike”, utilizada para se prender às células humanas, mostra um artigo publicado por pesquisadores do IHU Mediterranée Infection, dirigido pelo cientista Didier Raoult.
O 1º caso confirmado da cepa foi ligado a uma pessoa com histórico de viagens por Camarões, no oeste da África.
Segundo os autores do estudo, a identificação da nova cepa mostra mais uma vez a “imprevisibilidade do surgimento de novas variantes do SARS-CoV-2”. De acordo com o epidemiologista e membro da Federação de Cientistas Americanos, Eric Feigl-Ding, a “IHU” não é tão ameaçadora como outras cepas.
O virologista e professor do Instituto de Medicina Tropical, José Eduardo Levi, explicou que o alto número de mutações não significa que a variante será mais grave, mas que há “mais chances” de que ela seja perigosa.
De acordo com Levi, são mais valorizadas as mutações na proteína “spike”, por ser mais provável de alterar características biológicas do vírus, como a sua transmissibilidade, mas que isso também não é um indicativo de maior preocupação.
“A ômicron tem 32 mutações na proteína spike e no final a gente viu que ela é super transmissível, mas é menos patogênica, causa uma doença menos grave”, disse o professor.
Embora ainda não exista confirmação de que a variante é originária do continente africano, as taxas de vacinação no país são consideradas baixas, com 2,4% dos camaroneses vacinados, segundo a Universidade de John Hopkins.
Apesar das 46 mutações, os especialistas afirmam que a variante não é necessariamente tão contagiosa quanto as outras, como a ômicron.
Para o virologista e coordenador da Rede Corona-ômica do Ministério da Ciência, Fernando Spilki, a nova variante também não levanta preocupação.
“Há poucos casos reportados e essa variante já é uma linhagem que circula há alguns meses, identificada em outros países, especialmente os africanos, e, por enquanto, nada similar ao nível de alerta que estamos tendo com a ômicron ou com outras variantes”, afirmou.
Segundo Spilki, é necessário continuar acompanhando, mas por enquanto não há indicativo de alerta.
Abdi Mahamud, gerente de incidentes da OMS (Organização Mundial de Saúde) afirmou que a variante está “no radar”, mas que é muito cedo para especular sobre as características virológicas, epidemiológicas e clínicas.
A OMS classifica as variantes em 3 categorias: de interesse, de preocupação e sob monitoramento. Enquanto a ômicron é uma variante de preocupação, a “IHU” está na última categoria.
Ao todo, 17 variantes que a OMS observou desde o início da pandemia mostraram ser de curta duração ou menos ameaçadoras. Leia na íntegra (aqui) o artigo.