Em 27 de agosto é comemorado o dia do psicólogo. A profissão celebra 59 anos de existência no Brasil e para marcar a data o programa 360 graus convidou a presidente do Conselho Regional de Psicologia, Carla Brandão, para um bate-papo nesta sexta-feira.
Os desafios do ofício foram potencializados em tempos de pandemia e de incerteza política, social e econômica. Carla revela que atualmente os psicólogos estão sendo mais acionados pela população para tratamento da saúde mental. Fatores como o desemprego, medo da morte, do adoecimento e perda de renda agravam as inseguranças, afetando a mente das pessoas.
“Desemprego, medo da morte, medo do adoecimento, perda de renda, porque mesmo aquele que não perdeu o emprego está numa condição de redução de renda pelo contexto geral, o isolamento social, o convívio mais intenso familiar, e aí a gente precisa pensar que nem toda a família é harmônica, nem toda a família as relações são afáveis, a gente precisa pensar nos contextos de violência, de agressão, de submissão, de violação dos direitos que nesse momento ficam mais intensos”, destacou a profissional.
Diante dos novos problemas enfrentados pela pessoa humana, a psicóloga recomenda que o indivíduo, primeiramente, identifique os sinais de sofrimento em si mesmo, que às vezes podem ser banalizados pela própria pessoa ou por alguém de seu convívio, e busque amparo de profissionais competentes.
“Cada pessoa passa por uma situação, por uma adversidade, de forma diferenciada. Então é importante não banalizar, não negligenciar, e procurar ajuda profissional”, aconselhou.
Na perspectiva geral, os desafios enfrentados pela população implicam num posicionamento da psicologia, de forma ampla, visto que adversidades como a fome, violência, misoginia, desemprego, enfim, todas as situações de violação de direitos não atingem uma só pessoa, mas a sociedade como um todo.
“O momento que a gente está vivendo sofre um impacto pelas questões políticas e econômicas, o lidar com fake news, o lidar com uma série de questões que afetam as pessoas individualmente mas também a sociedade como um todo, e precisamos pensar, no ponto de vista da psicologia, formas de resistir e de enfrentar essa situação. Quando a gente fala de saúde mental é preciso olhar não apenas o indivíduo, que precisa desse encaminhamento, desse apoio mais individualizado, mas também os grupos sociais que estão sendo afetados, sendo feridos nos seus direitos”, acrescentou.
Carla Brandão ratifica que o lugar da psicologia na atual conjuntura social é cuidar de forma individualizada, reconhecendo a importância do ser humano e da busca pela ajuda, e ainda de ter um olhar mais ampliado e político para o cuidado com as populações como um todo.
Assista à entrevista completa com Carla Brandão abaixo: