No discurso que fez no Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo Lula apontou como bons exemplos os governos de Evo Morales e Maduro, Bolívia e Venezuela. Ambos caudilhos avessos a rotatividade.
É verdade que Morales foi apeado do poder por um golpe das elites e que seus três governos priorizaram os povos indigenas e os pobres, mas boas políticas públicas não lhe dão o direito de se perpetuar. Ele queria, vejam que absurdo, o quarto mandato consecutivo.
No caso da Venezuela eu juro que nunca entendi essa cobertura que a esquerda sempre deu a Hugo Chaves, Maduro e a fracassada revolução bolivariana, mais para o nacotráfico do que para governo de boas políticas públicas.
E agora vem a balela de que Lula vai salvar Ricardo Coutinho da bancarrota jurídica, tentáculos e delações da Operação Calvário. Que coisa emblemática essa de Lula e Ricardo estarem vinculados a delações premiadas e os seus governos apontados como eficazes, mas corruptos.
Não vai. Lula livre é necessário e o processo que o levou à prisão tá claramente eivado de erros, mas Lula não tem uma varinha de condão para transformar pedra em ouro e o que tem defendido ou caiu ou tá prestes a cair.
A importância de Lula se restringe ao cenário nacional, como contraponto ao avanço da extrema-direita. No cenário local a força-tarefa do GAECO, e agora também PF, avançam com cautela e muitas provas para encurralar e tirar Ricardo Coutinho da vida pública, enquanto o processo contra a gestão dele avança respeitando a Constituição e o trânsito em julgado em todas as etapas e instâncias.
Dércio Alcântara