O ex-ministro da Secretaria de Governo de Michel Temer, Carlos Marun, rebateu nesta quinta-feira (3) as críticas do vice-presidente, Hamilton Mourão, à sua nomeação para cargo de conselheiro da hidrelétrica de Itaipu. Em entrevista à Rádio Gaúcha, Marun disse que não se preocupa com que pensa o vice de Jair Bolsonaro. “Felizmente quem nomeia são presidentes. Fui nomeado por um presidente [Temer] e mantido por outro [Bolsonaro]”, declarou. “Não me interessa o que pensa o general Mourão”, acrescentou.
O vice defende que o presidente Jair Bolsonaro reveja a nomeação feita por Temer na véspera do encerramento de seu governo. Em entrevista à jornalista Andreia Sadi, Mourão classificou a decisão do ex-presidente como um “prêmio” a Marun. “Não é ilegal, mas não foi ética”, afirmou. Ele disse que levaria o assunto à reunião do Conselho de Governo, em curso no Palácio do Planalto.
Marun disse que foi indicado ao cargo por “meritocracia”. “Se o general Mourão acha que foi um prêmio, eu sou favorável à meritocracia. O general Mourão deve ter sido promovido a general como um prêmio pelos seus méritos. Eu estou absolutamente tranquilo. Eu tenho grande respeito pelo general Mourão”, declarou. No segundo turno da eleição presidencial, o então ministro da Secretaria de Governo declarou voto no então candidato do PSL.
Ainda antes da posse, Bolsonaro anunciou que vai revisar várias decisões tomadas por Temer em seus últimos 60 dias de governo. Mas, segundo o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, o presidente já tomou sua decisão de manter Marun no conselho de Itaipu. “Ele refletiu, mas vai respeitar Temer, a decisão do ex-presidente”, afirmou ontem.
Como conselheiro de Itaipu, Marun deverá receber R$ 27 mil para participar de uma reunião a cada dois meses. O ex-ministro desistiu de concorrer à reeleição de deputado federal ano passado depois de ter se destacado, em seu único mandato federal, como líder da tropa de choque do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB-RJ), cassado, condenado na Operação Lava Jato e atualmente preso em Curitiba, e do ex-presidente Michel Temer. Marun foi peça-chave nas negociações que resultaram no trancamento de duas denúncias criminais contra Temer no Supremo Tribunal Federal (STF).