O que vou escrever agora é a simulação do óbvio ululante. Trata-se de diálogos imaginários de uma situação criada para manter a Prefeitura de João Pessoa na gravidade política do governador, evitando a todo custo a perda desse cofre para a oposição.
Em meio ao fogo cruzado contra sua gestão e a de Agra no meio do ano de 2011, Ricardo Coutinho chamou Nonato Bandeira para esboçar uma ideia que teve e que poderá ser a saída para evitar a perda da PMJP.
RICARDO COUTINHO – Tenho pensado muito naquela máxima de que se vão os anéis e ficam os dedos e acho melhor oferecermos alguns para não perdermos a mão inteira.
NONATO BANDEIRA – Você está falando de trazer de volta um antigo aliado para evitar a derrota iminente?
RICARDO COUTINHO – Exatamente! Não tenho só pensado como quero que saiba e comunique a todos que já está decidido.
NONATO BANBDEIRA – Agra não vai gostar e você sabe como ele é temperamental. Outra coisa: tem certeza que Maranhão topa?
RICARDO COUTINHO – Sabemos que não e não estou falando de aliança com ele para isolar Cássio, mas de refazer nossa aproximação com o PT dando-lhes a cabeça de chapa num Plano B, onde você será o vice, e lançarmos candidatura própria de outra parte para despistar especulações.
NONATO MANDEIRA – E Agra?
RICARDO COUTINHO – Não precisa saber de nada e até terá mais veracidade se ele acreditar que foi rifado.
NONATO BANDEIRA – E quem serão as cabeças de chapa pelos dois planos, A e B?
RICARDO COUTINHO – Pelo PSB lançaremos Estela e pelo PT alimentaremos a vaidade de Luciano Cartaxo.
NONATO BANDEIRA – Perfeito. Vou viajar e articularei uma reunião do Coletivo em Jacarapé para rifar Agra e a partir daí é só alimentar a mídia com uma briga fictícia.
RICARDO COUTINHO – Quando voltar preste solidariedade a Agra e simule a fissura no Coletivo, se afaste de mim e se lance candidato para lá na frente se compor com o PT.
NONATO BANDEIRA – Perfeito!
E foi mais ou menos assim que Ricardo Coutinho decidiu ainda em 2011matar dois coelhos com uma só cajadada.
Ao tirar Agra da disputa tiraria os escândalos oriundos de sua gestão do foco e afastaria o rastreamento da imprensa que estava chegando muito perto da fonte financeira que bancou sua campanha a governador.
Ao acenar pra Cartaxo de forma enviesada ele disponibilizou a máquina poderosa da PMJP, o que por si só alavanca qualquer candidatura ao patamar de 20%.
De outra parte, a partir daquela reunião de Jacarapé, abriu espaços para Estelizabel, que agora virou Estela, ser a candidata da outra máquina, a do Estado, criando assim uma a disputa onde duas máquinas públicas competem com dois candidatos publicamente conhecidos como avarentos. No caso Maranhão e Cícero.
O sonho de RC é levar Estela e Cartaxo para o segundo turno, estabelecendo assim um ambiente confortável e que lhe garante supremacia no tabuleiro de xadrez para 2014, onde oferecerá a Luiz Couto a vaga de senador e deixará para Cássio a indicação do vice, que deverá ser Rômulo mais uma vez.
Numa conjuntura de pleno êxito como a que descrevi acima, RC teria sepultado politicamente Cícero e Maranhão numa só jogada, ficando o segundo turno em Campina como incógnita para saber se a candidata de Veneziano vence ou não.
Diante do exposto afirmo sem medo de errar que todos os segmentos estão diante de um dilema.
Caso isso aconteça, para todos seria um desastre, pois a Paraíba estaria quase toda não mãos de um homem só por no mínimo mais seis anos.
O estilo arrogante e personalista de Ricardo Coutinho reinaria absoluto sem contraponto e o que ele disser estará dito.
Dos donos de veículos, que sem concorrência teriam que submeter ao que RC ditasse via SECOMs, aos servidores públicos que amargariam o pior período do de sua história.
Caberá a sociedade agora reagir ou calar consentindo mais um estelionato eleitoral.