Estudo da Universidade de Warwick, no Reino Unido, mostrou que mulheres com 50 anos ou mais que realizaram mamografia de forma menos frequente três anos após a cirurgia para câncer de mama em fase inicial apresentaram resultados semelhantes àquelas que fizeram mamografia anualmente. Conhecido por Mammo-50, o trabalho científico foi apresentado nesta sexta-feira (8) no San Antonio Breast Cancer Symposium, que termina neste sábado (9) no Texas, nos Estados Unidos.
“É inegável que o resultado desse estudo provoca uma grande reflexão importante. Mas não é possível extrapolar essa experiência para todas as mulheres com 50 anos ou mais. Algumas podem ter risco mais alto, seja pelo histórico familiar ou outros fatores de risco”, explica o médico Gilberto Amorim, da Oncologia D’Or, que acompanhou a apresentação do trabalho científico nos Estados Unidos.
A condutora do estudo, a professora-doutora Jannet Dunn, argumenta que a redução da vigilância mamográfica “diminui o impacto sobre o sistema de saúde e a inconveniência para as mulheres que têm de se submeter a estas mamografias e reduz o stress associado à espera pelos resultados”. O oncologista Gilberto Amorim reconhece que a mamografia anual gera estresse em muitas sobreviventes do câncer de mama. “Talvez uma paciente de muito baixo risco não precise de uma mamografia anual depois de muitos anos após o diagnóstico”.
Os sistemas de saúde dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha recomendam a mamografia anual após a remoção da cirurgia do câncer de mama no estágio inicial. Nos Estados Unidos, o rastreio é recomendado por tempo indefinido. No Reino Unido, as mulheres devem fazer a mamografia por cinco anos, seguida de triagem por três anos para pacientes com 50 anos ou mais.
Entenda o estudo
O ensaio envolveu 5.235 mulheres que foram diagnosticadas com câncer de mama em estágio inicial com 50 anos ou mais, fizeram cirurgia para a remoção do tumor e estavam livres de recorrência há três anos. Neste período, todas se submeteram ao rastreio anual da doença.
Durante cinco anos, os pesquisadores acompanharam essas mulheres, das quais 2.618 fizeram mamografia anualmente. As outras 2.617 realizaram o exame de maneira menos frequente. As pacientes que preservaram a mama na cirurgia de retirada do tumor repetiram a mamografia a cada dois anos. E as que realizaram a mastectomia, fizeram o exame a cada três anos.
Ao final, o estudo apontou que, entre as pacientes que fizeram mamografia anualmente, a sobrevida específica do câncer de mama foi de 98,1% e a sobrevida global foi de 94,7%. Essas porcentagens foram semelhantes às mulheres que fizeram mamografia menos frequentemente: a sobrevida específica do câncer de mama foi de 98,3% e a sobrevida global foi de 94,5%.