A médica de Campina Grande Annelise Meneguesso, que foi candidata a vice-prefeita da cidade no ano passado na chapa de Artur Bolinha, teria participado de uma reunião do Gabinete Paralelo com Jair Bolsonaro em setembro de 2020, juntamente com outro conselheiro do Conselho Federal de Medicina (CFM).
O urologista Luís Guilherme Teixeira dos Santos, conselheiro federal pelo estado do Rio de Janeiro, e a endocrinologista Annelise Meneguesso, conselheira federal pelo estado da Paraíba, foram gravados falando ao microfone em um vídeo publicado na página de Bolsonaro no Facebook, no dia 8 de setembro de 2020.
No evento, a médica campinense discursou a favor do tratamento precoce. “A gente falou aqui o nome de muitas drogas, mas a gente tem que sempre frisar que o atendimento é sempre mais importante do que droga A ou droga B. A gente não quer fazer apologia a nenhuma droga, mas a gente quer que o paciente tenha o direito de ser diagnosticado precocemente e ter seu tratamento instituído precocemente”, disse.
Já o médico Luís Guilherme afirmou que há milhares de médicos ao lado de Bolsonaro lutando contra “um sistema”. “Hoje eu vejo para cada uma dessas pessoas que estão aqui e tantas outras que já passaram, presidente, estão lutando ao lado do senhor. Nós temos hoje dezenas, milhares de médicos que estão lutando contra um sistema que foi dado, e esse sistema é contra a vida, contra as pessoas, contra a sociedade. Nós médicos aqui hoje somos médicos de verdade”, completou.
Annelise Meneguesso alegou que não foi à reunião representando o CFM. “Mas, na hora, em virtude do que estava sendo falado, uma vez que a transmissão foi pública, sentimos a obrigação de defender o parecer 04/2020, que defende a autonomia do médico de prescrever (ou não) o que achar necessário ao seu paciente”, justificou.
Já Luís Guilherme Teixeira argumentou que sua visita foi motivada por um convite feito pelo movimento Médicos pela Vida. “Minha presença foi pessoal e por acreditar que o presidente pudesse ouvir quem trabalha na ponta atendendo as pessoas, respeitasse a autonomia do médico e pudesse melhorar os cerceamentos que muitos médicos estavam e estão ainda sofrendo nos municípios”, acrescentou.
Em entrevista concedida nesta terça-feira (8), médica endocrinologista, Annelise Meneguesso negou participação no gabinete paralelo e admitiu que ficou surpresa com a repercussão dos fatos. De acordo com ela, se tratava de audiência de médicos com o presidente, solicitada pelo movimento Médicos pela Vida, transmitida ao vivo.
“Fiquei surpresa com essa repercussão de gabinete paralelo, não existe isso. Eu estive com o presidente em uma audiência pública que foi transmitida ao vivo no ano passado. Fui convidada como médica. O presidente perguntou se alguém se incomodaria se fizesse uma live com transmissão ao vivo da reunião. Lá foram apresentadas várias demandas, e quando eu vi o que me cabia, eu falei no que eu acredito, defender autonomia do médico que quer prescrever”, explicou.
Perguntada sobre os medicamentos como a cloroquina e outros que são usados no tratamento da Covid-19 sem comprovação científica da eficácia contra a doença, a médica admitiu que já chegou a prescreve-los. “Não existe cura, mas tratamento. Já existem várias publicações que falam sobre o benefício. Eu já prescrevi, mas hoje nós temos medicações que já são melhores com estudos mais robustos. Nós como médicos, temos que oferecer o que há de melhor”, destacou.