Segundo reportagem do “Estadão”, publicitário disse ainda ter feito outras remessas para o exterior. Agora, resta saber se a blindagem de Lula vai ser ou não derrubada.
RIO e BRASÍLIA – O publicitário Marcos Valério, condenado por ser operador do mensalão, prestou novo depoimento ao procurador-geral da República, Roberto Grugel, em setembro. De acordo com reportagem do jornal “Estado de S. Paulo”,Valério mencionou nomes que não foram citados no processo em julgamento no Supremo Tribunal Federal, como o do ex-presidente Lula e do ex-ministro Antonio Palocci. O publicitário informou ainda ter feito outras remessas de recursos para o exterior e falou sobre o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel. Ele também contou já ter sido ameaçado de morte e propôs que, se for incluído no programa de proteção à testemunha, poderá dar mais detalhes das acusações. A proposta feita no depoimento foi oficializada por meio de ofício entregue ao STF alguns dias depois.
De acordo com a reportagem, o Ministério Público analisa se abre ou não processo para investigar as novas denúncias. O depoimento está sob segredo de Justiça. Ao “Estadão”, Gurgel disse que, em tese, o benefício da delação premiada não se estende ao processo do mensalão no STF. No entanto, poderia afetar processos derivados a que Valério e outros réus respondem em outras instâncias do Judiciário.
O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-SP), classificou de ” lamentável” o depoimento de Marcos Valério envolvendo Lula e Palocci.
– A expectativa de todos e da sociedade é essa página do mensalão seja virada com o julgamento do STF. Lamentável tentativa de querer retomar o processo de investigação no momento do julgamento. Eu colocaria essas afirmações, esse suposto novo depoimento ( de Marcos Valério) , no que chamamos de ‘jus esperniandis’.
Para o presidente da Câmara, o depoimento não deve preocupar o PT. Ele destaca que o mensalão foi “exaustivamente investigado”
– Depois de todas as investigações feitas, não cabe ilação sobre esse tema, principalmente nessa direção de envolver o ex-presidente Lula. Isso já foi exaustivamente investigado. Não deve ser levada em consideração, trazer preocupação principalmente ao Partido dos Trabalhadores – afirmou.
Semana passada, os ministros fixaram a pena de Valério em 40 anos, um mês e seis dias de reclusão, mais pagamento de multa. Como o tempo é superior a oito anos, o regime de cumprimento é inicialmente o fechado. O pedido de Valério de ser incluído no programa de proteção à testemunha pode ser uma estratégia para não cumprir a pena.
Na segunda-feira, o presidente do tribunal, ministro Ayres Britto, também já havia dito que uma eventual delação de Valério não mudaria nada no atual processo do mensalão, pois a investigação terminou.
– Na minha opinião, a esta altura, não (influencia). Mas o relator (Joaquim Barbosa) é quem vai se pronunciar – disse Ayres Britto, na segunda-feira.
Fontes: O Globo e O Estadão