Quem me conhece sabe que sou solidário com os amigos e nunca deixei nenhum pela estrada. Quando em 2010 aconteceu a maior caça às bruxas contra jornalistas no pós campanha, não sosseguei enquanto não vi meus amigos de batente reposicionados no mercado de trabalho.
Agora, 2010 se repete e mais uma vez sob o manto tenebroso do governo Ricardo Coutinho e daí mais uma vez a imprensa sente no lombo o preço por ter sido altiva, independente, verdadeira.
Em 2010 foi o Sistema Correio quem deu a maior vassourada e a minha própria cabeça foi pedida ao Sistema Paraíba e agora a história se repete com a demissão do talentoso Marconi Ferreira do Sistema Arapuan, conforme carta dele que republico abaixo. Antes quero afirmar que entendo a posição de João Gregório, pressionado por Luís Torres, que lhe entregou uma listinha com as recomendações e se ele não cumprir terá a verba da Secom cortada e nessa província as empresas não sobrevivem sem dinheiro público, algo em torno de 80 milhões por ano,
Vamos a carta de despedida de Marconi:
Desde às 14h20 minutos desta sexta (14) – sem saber que estava fazendo meu último programa Rede Verdade – que estou desligado do Sistema Arapuan de Comunicação. Fui demitido, depois de quase seis de Casa. A direção da emissora não informou a esse repórter os motivos da demissão sumária, mas há uma suposta influência do governo do Estado com a minha “degola”, normal – não deveria ser assim – neste período pós-campanha eleitoral e temporada de “caças as bruxas”.
Não tive tempo de fazer minha despedida de vocês que me viam pela telinha de segunda a sexta. Não me foi dada essa chance última. Simplesmente, eu “morri” para eles. Gostaria muito de ter falado como foi bom esse contato que tivemos durante esse longo período. Eu dentro dos estúdios de televisão, pedindo licença para entrar em sua sala e você do outro lado, concordando ou discordando das minhas analises.
Poderia ter sido um analista político polêmico. Mas não tinha como ser mais combativo. Era engessado e não me deram essa chance. Teria muito que dizer, mas muito mesmo. Porém, terei um tempão de vida para contar o que se faz com o sentimento de um profissional que sempre procurou ser correto.
Não comecei minha vida jornalistica agora. Estou nesta luta a pelo menos 38 anos. É a primeira vez que recebi uma carta de demissão e não sabia o que fazer com aquele papel que assinei. Segui apenas a orientação do funcionário Cristovão, que mesmo acostumado a essa situação senti que estava chocado. Como chocado também ficou o meu companheiro de bancada Anderson Soares, que Deus lhe proteja, sempre. Ele embranqueceu quando comuniquei: “amigo, estou demitido”. Pareceu que tinha sido com ele.
Não deu tempo para nada. Apenas colocar aquele papel dentro da bolsa, sair de mansinho e vir para casa. Agradeço aos amigos pela solidariedade. Não foram poucos. Senti que tenho muito amigos. Leais, acima de tudo. O whatsApp ainda não parou um só instante. A eles meus sinceros agradecimentos.
Portanto, missão cumprida! Não neste espaço, pois continuaremos conversando por aqui.
Marcone Ferreira