A secretária estadual da Mulher e Diversidade Humana, Lídia Moura, reagiu, nesta terça-feira (12) durante entrevista à Rádio Band News, às críticas proferidas pela vereadora de João Pessoa, Eliza Virgínia, contra o Programa de Dignidade Menstrual. Em publicação nas redes sociais, a parlamentar questionou a inclusão de homens trans no projeto que irá distribuir absorventes à pessoas de baixa renda na Paraíba. Como resposta, Lídia Moura lembrou que LGBTfobia é uma prática criminosa.
Tudo começou quando Eliza usou seu perfil no Instagram para questionar o Programa de Dignidade Menstrual, iniciativa do Governo da Paraíba para disponibilizar gratuitamente absorventes e coletores menstruais para adolescentes, mulheres e homens trans em situação de vulnerabilidade. Propagando desconhecimento e intolerância, a vereadora disse que homens trans deveriam retirar o útero e que não é justo que sejam beneficiados com o projeto.
“Homem trans é mulher que virou homem. Se quer virar homem, por que não tira o útero? E aí, vai dar despesa… se você é um homen trans, deve ter feito algum tipo de cirurgia, deve ter gastado com muita coisa porque o SUS não paga tudo. Não paga hormônio, por exemplo. E aí você paga hormônio, mas não tem dinheiro para pagar absorvente? Não é justo, não”, iniciou a parlamentar.
Por fim, ela parabeniza o governador pela iniciativa, entretanto, pede que apenas meninas sejam contempladas com a distribuição gratuita de absorventes. “Mulher trans não menstrua. Vai fazer o que? de travesseiro? usar para incontinência urinária? vamos deixar isso só para as meninas?”, critica.
Como resposta as críticas de Eliza, Lídia Moura questionou a cristandade da parlamentar e sugeriu que ela estaria cometendo um crime ao menosprezar a condição dos homens trans, pois, mesmo que tenham passado pelo processo de transição de gênero, ainda mantém o aparelho reprodutor feminino. A secretária afirma que a vereadora, embora se declare cristã, ataca constantemente os seres humanos, ao contrário do que prega a sua doutrina e pede respeito.
“O programa vai atender as pessoas que menstruam e entre elas estão os homens trans, porque eles mantém a constituição física, o aparelho reprodutor feminino e precisam dessa assistência. A vereadora tem uma postura muito atrasada, que não constrói. Ela precisa melhorar urgentemente. Como é que eu me digo cristã e faço ataques a seres humanos de maneira cruel, que os expõem até a uma situação de serem agredidos perante a sociedade porque recebem o estímulo de violência constantemente? Ela precisa melhorar como ser humano. Ela não é obrigada a ser homem trans, mas é obrigada a respeitá-los. Toda família tem LGBT e essas pessoas merecem a felicidade, bem estar, acesso aos cuidados com a saúde. Eu sugeriria que ela parasse de cometer crimes porque a LGBTfobia é crime e espero que o Ministério Público tome providências em relação aos ataques que ela vem constantemente cometendo contra a população LGBT”, reagiu a secretária.
Na Paraíba, o Programa de Dignidade Menstrual irá atender 700 mil pessoas, como adolescentes, mulheres e homens trans, que terão direito aos absorventes e coletores menstruais com distribuição gratuita. Serão entregues, mensalmente, 24 unidades para as beneficiadas nas unidades básicas de saúde da família e na rede de assistência social, nos Centros de Referência de Assistência Social (Cras) e Centros de Referência Estaduais de Assistência Scial (Creas).
A Secretaria da Mulher e da Diversidade Humana é responsável por coordenar o projeto em parceria com o Governo do Estado e com as secretarias de Desenvolvimento Humano, Saúde e Educação.
“Além de identificarmos a quantidade de pessoas em estado de vulnerabilidade, via cadastro no CadÚnico, que terão direito aos absorventes e coletores menstruais, definimos que o programa será alocado na Saúde e será tratado como questão de saúde pública. Infelizmente o governo federal vetou a proposta para atender mulheres de todo o Brasil e os custos na Paraíba, que poderá chegar até R$ 20 milhões por ano, serão do Tesouro Estadual. A entrega do absorvente será feita nas unidades básicas de saúde da família e na rede de assistência, Cras e Creas estaduais e municipais”, comentou Lídia Moura.