Quem trabalha na Quadra 3 do Setor de Indústrias Gráficas (SIG) percebeu uma movimentação um pouco diferente no local na última semana. Um grupo de aproximadamente 30 jovens vindos de várias regiões do país, sobretudo do Rio de Janeiro, realizou treinamento militar no campo de futebol em frente ao hotel no qual estavam hospedados no SIG. Vestidos com roupas táticas e com a bandeira do Brasil, os integrantes seguiam ordens de um “comandante”, que determinava as atividades que seriam executadas ali.
O grupo chegou ao Distrito Federal no último sábado (20/06); participou de manifestação pró-Bolsonaro, na Esplanada dos Ministérios, no dia seguinte, e ficou hospedado em um hotel localizado no SIG até a última terça-feira (23/06). Os exercícios – que consistiam em flexões, corrida, abdominal, marcha e grupos de guerra – foram feitos em frente ao hotel entre o final da manhã e o começo da tarde enquanto os jovens permaneceram na capital.
Segundo a polícia, nessa e outras bases dos extremistas no DF, os grupos portam armas. Funcionários do hotel afirmaram ao Metrópoles que, apesar de a atividade chamar a atenção, preferiram não questionar o que estava acontecendo.
“Era muita gente. Ficamos receosos, pois não entendemos o motivo daquilo. Não sabíamos o que estavam planejando. Eles fizeram a reserva com antecedência e pagaram uma média de R$ 55 cada, pela diária”, comentou um trabalhador, que preferiu não se identificar.
Empresários que possuem lojas na quadra também estranharam a movimentação.
Na mira da polícia
Ações de grupos extremistas são investigadas pela Polícia Civil do Distrito Federal. Na última semana, a Coordenação Especial de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Cecor) cumpriu mandado de busca e apreensão no QG Rural, grupo que estava baseado em Arniqueiras.
Para o delegado Leonardo de Castro, chefe da Cecor, o acampamento era utilizado para reuniões e treinamentos, assim como ocorria com outra base, descoberta na região da Rajadinha anteriormente.
“O inquérito foi aberto há, aproximadamente, um mês, após agruparmos as informações relacionadas a outras ocorrências de crimes cometidos por eles, em redes sociais. Eles são bastante combativos. Havia indícios de que possuíam armas nos acampamentos e isso era declarado por eles”, conta o delegado.
Além disso, Castro afirma que, em decorrência das ações do Governo do Distrito Federal que desmontaram os acampamentos, os suspeitos declararam que durante a manifestação de domingo (21/06) haveria “uma grande surpresa” para os governantes. “Foi mais uma razão que nos levou a apressarmos a medida de busca”, completa Leonardo de Castro.
A informação é de Metrópole