O governo Bolsonaro entrou com recurso no Supremo Tribunal Federal (STF) contra liminar concedida pelo ministro Ricardo Lewandowski que permite o estado do Maranhão a aplicar a vacina Sputnik V a partir de quarta-feira (28). O prazo seria cumprido caso a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não se manifeste a respeito de pedido de liberação protocolado no final de março. A ação poderá afetar também Ceará, Amapá e Piauí. A revelação foi feita pelo governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), nessa sexta-feira (23).
“O governo federal não quer o prazo de 28 de abril. Alegam que precisam de mais tempo pra analisar a documentação. Nós discordamos. Ou você diz sim ou diz não, de modo fundamentado. Mas protelar, adiar indefinidamente não tem razão de ser”, disse Flávio Dino em entrevista coletiva, alegando que o governo dele já se manifestou no Supremo pelo prazo de 28 de abril.
“Estamos lutando para que o Plano Nacional de Imunização seja fortalecido. A nossa atitude é colaborativa”, acrescentou Flavio Dino. “Me insiro naqueles que fazem oposição ao governo federal, porém, nunca adotei uma atitude de sabotagem em relação a parcerias úteis pra a nossa população. A Sputnik vem sendo aplicada em muitos países do planeta, como na vizinha Argentina, que baseia seu plano de imunização nessa vacina, aplicada em mais de 60 países.” Declarou o gestor.
Consórcio do Nordeste
O chamado Consórcio do Nordeste, conjunto de nove estados do qual fazem parte Ceará, Piauí e Maranhão, tem contratos fechados para a compra de 37 milhões de doses. A legislação diz que a Anvisa teria sete dias para dar uma resposta, porém, alegando falta de documentos sobre segurança e eficácia, ainda não divulgou parecer.
A postura da empresa provocou desconfiança entre os gestores. Uma das ações que eles dizem não entender é a necessidade, alegada pela agência, de ir até a Rússia para avaliar o laboratório onde a vacina foi desenvolvida, o que não aconteceu para os imunizantes já em uso. No caso da Oxford/AstraZeneca, já foi concedido inclusive o registro definitivo no Brasil.
Segundo o Instituto Gamaleya, responsável pela vacina, o imunizante tem 91,6% de eficácia contra infecções e 100% contra casos graves. Garante, ainda, que mesmo o caso de infecção após a aplicação das duas doses, a pessoa terá apenas sintomas leves.
Ao todo, 60 países, somando 3 bilhões de pessoas, já confirmaram a liberação da Sputnik, a primeira vacina desenvolvida no mundo. Dois deles, a própria Rússia e a Argentina, fazem parte de listagem definida por lei cujas agências têm respaldo para atestar a segurança e eficácia do imunizante.