Sintomas como azia, sensação de queimor e regurgitação são alguns dos sintomas da doença do refluxo, que atinge cerca de 30% da população brasileira, de acordo com o médico gastroenterologista Guilherme Almeida, em entrevista ao Sertão Notícias, no portal Sertão Total, nesta terça-feira (6), em Patos no Sertão paraibano.
Ele explicou as causas, sintomas e tratamento da doença e orientou a população sobre como evitá-la para ter uma melhor qualidade de vida.
“O refluxo, na verdade, é a saída do conteúdo gástrico, que atinge o esôfago e pode chegar à garganta. Essa saída, se se tornar frequente, causar lesão no esôfago ou no sistema supraesofágico, passa a ter o nome de doença do refluxo gastroesofágico. Ela pode se manifestar com uma azia, que é um simples queimor, com uma regurgitação, mas também pode vir com uma dor no peito, tosse crônica, sensação de asma, piora da erosão dentária, com a perda da qualidade de vida do ser humano”.
O gastroenterologista também explicou por que cada vez mais pessoas reclamam que estão com refluxo. “Primeiro, o estilo de vida da população, o stress, a ansiedade, alimentos como o fast food, a falta de tempo de se alimentar adequadamente, o corre-corre do dia a dia, a obesidade, e temos descoberto outras causas, que quando a gente junta isso tudo, a população está muito doente. O conteúdo alimentar da população está cada vez mais gorduroso, cada vez menos rico em fibras, que não nutrientes adequados”, concluiu.
O médico Guilherme Almeida que que no passado, o paciente tinha apenas o diagnóstico com a endoscopia. Hoje tem recursos como a phmetria, a impedância, que oferece o diagnóstico não só do refluxo ácido, mas também o não ácido, do conteúdo gasoso e o gástrico, que sobe para o esôfago. “Então agora nós podemos ter mais certeza que o refluxo chega no esôfago e fora dele também. A endoscopia só consegue definir se o indivíduo tem ou não ferimento no esôfago, mas com o advento da phmetria e a impedância é possível verificar se há ou não o refluxo independente do ferimento no esôfago, e a gente correlacionar com os sintomas”, revelou.
Ele hamou a atenção para são os alimentos que provocam o refluxo. “O café pra quem tem a doença do refluxo deve ser evitado no dia a dia. O grande problema é que nós comemos muito, bebemos alguma e resolvemos brindar com o café depois, que abre mais o relaxamento dessa válvula que segura o conteúdo gástrico e isso faz com que o conteúdo volte. Já aquelas pessoas que não sentem nada, que estejam controladas, bem, o café tem seu prazer. Os alimentos gordurosos, o café fora do horário pra quem tem os sintomas, bebidas alcoólicas, a sobrecarga alimentar, comer e deitar, bebidas alcoólicas, a sobrecarga alimentar, comer e deitar, coisas mais ácidas e abrasivas como a pimenta”, alertou.
Durante uma hora de entrevista o médico gastroenterologista Guilherme Almeida respondeu as perguntas dos jornalistas Airton Alves, Marcelo Negreiros, Betrand Chaves, e da produção do programa. Veja abaixo algumas delas:
Sertão Notícias – O refluxo tem cura?
Guilherme Almeida – Tem controle. A doença precisa ser acompanhada e sempre reavaliada.
Sertão Notícias – Qual a relação entre a intolerância à lactose e a doença do refluxo?
Guilherme Almeida – Piora muito, quando você não consegue fazer a digestão adequada do leite aumenta a regurgitação. Mas são coisas totalmente diferentes.
Sertão Notícias – A tosse seca pode indicar refluxo?
Guilherme Almeida – Pode. Depois que afastado o processo todo do pneumologista e do otorrino, pode-se pensar no refluxo.
Sertão Notícias – O tratamento do refluxo evoluiu?
Guilherme Almeida – Antes nós tínhamos somente a cirurgia e o tratamento com Omeprazol. A família do Omeprazol cresceu e temos drogas mais potentes, que oferecem maior controle. É preciso identificar qual o tratamento para o paciente e em qual intensidade será necessário, do ponto de vista clínico. Ele precisa ser acompanhado por uma nutricionista, e é preciso identificar se ele vai ter um tratamento apenas simples ou por um tempo mais prolongado, para não usar indiscriminadamente o uso do Omeprazol.
Sertão NOtícias – Quais os perigos do uso indiscriminado do Omeprazol?
Guilherme Almeida – Alguns trabalhos surgiram falando sobre a relação do Omeprazol com o Alzheimer, mas esses trabalhos não se sustentaram numa grande massa da população. O importante é o paciente ser acompanhado, para saber se tem algum déficit de vitaminas, no ferro, magnésio e algum efeito adverso na mucosa do estômago. É uma medicação segura, mas não podemos comprar em um balcão de uma farmácia sem saber se realmente necessita e o tempo que precisa tomar a medicação.
Sertão Notícias – O que é a H. Pylore? Ela está se proliferando muito?
Guilherme Almeida – Ela é uma bactéria que vive no estômago e consegue sobreviver à acidez. Ela está presente em cerca de 50 a 60% da população e é um indicador que nós não estamos com o saneamento básico adequado. A transmissão é fecal oral, as pessoas transmitem umas para as outras desde a infância.
Sertão Notícias – Quais as recomendações para evitar o refluxo?
Guilherme Almeida – Para melhorar a qualidade de vida da população, o primeiro passo é a redução do peso, circunferência abdominal. Depois, mudar os hábitos alimentares, diminuir a comida. À noite, se alimentar com alimentos normais pelo menos três horas antes de dormir e líquido pelo menos duas horas antes. Devemos nos alimentar com menor volume e com mais frequência, mastigar mais.
Sertão Total