Carlos Longo, um dos empresários envolvidos na organização da caravana de apoiadores de Jair Bolsonaro, defende a intervenção militar, parecida com a acontecida no golpe de 1964, como a “única solução” para o presidente. Ao lado de outros 200 manifestantes, ele foi a Brasília para participar de ato em prol do chefe da Nação.
O bolsonarista expõe as reivindicações do grupo, fundamentadas na “troca dos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), não fechar o Supremo, mas a substituição deles. Tem que rodar todo mundo. A questão do voto auditável, o povo não vai abrir mão, tem que ressuscitar ele”. Para ele, o voto impresso seria a única opção auditável, sem citar que as urnas eletrônicas já são auditáveis.
O empresário acredita que a estabilidade democrática deve ruir após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o marco temporal, que trata sobre a demarcação de terras indígenas. Em julgamento no STF, os ministros avaliam se deve ser considerado o marco de ocupação até 1988, ano da promulgação da Constituição.
“É o que vai pegar fogo é a questão do marco temporal. Se votarem contra, aí quebrou o país e o Bolsonaro vai fazer aquilo que o povo quer, que é a intervenção militar. Mato Grosso perde quase 5 milhões de hectares de lavoura, daí fica inviável para o agronegócio ficar sustentando o país. Aí a única solução para o presidente Bolsonaro é a intervenção militar, não tem outro jeito”, ameaça.
Carlos está convicto de que 90% da população brasileira apoia a intervenção militar e não enxerga isso como uma incoerência dentro de um regime democrático. Segundo ele, quem criticaria a instalação do regime seria a “imprensa esquerdista” e parlamentares que estariam “mamando no sistema”.
O empresário é questionado sobre o lema “Deus, Pátria e Família”, usado no movimento fascista que cresceu no país sob o comando de Plínio Salgado, na década de 1930, e também foi inspiração do golpe de 1964. Ele reafirma que há a inspiração, entretanto, o termo fascismo é distorcido.
“Não é contraditório (democracia com intervenção militar), o fascismo é uma coisa daquilo que o presidente fala que acusam daquilo que eles fazem, as pessoas distorcem as coisas o povo não é mais bobo. O fascismo foi na época da 2ª Guerra, o que ele fez? Desarmou o povo, colocou todo mundo na pobreza para defender o governo. Bolsonaro não é fascista, quer que as pessoas se armem e trabalhem”, declarou.
Suas críticas ao Supremo Tribunal Federal se resumem a classificação dos ministros como “todos petistas e da Dilma”, ainda destacando que o presidente foi eleito pelo povo, ao contrário dos magistrados.
Na eleição de 2018, Carlos entrou na disputa por uma vaga na Assembleia Legislativa, pelo PSL, obtendo 3,1 mil votos. Para o próximo ano, sua pretensão é maior, almejando uma vaga na Câmara Federal.
O empresário é apontado como um dos bolsonaristas que gritaram “Brasília vai tremer” e “o Supremo vai pedir para sair” ao lado de um grupo de produtores rurais de Sinop que acompanharam o presidente da Aprosoja Brasil, Antônio Galvan, até a sede da Polícia Federal. De acordo com investigações, Galvan estaria supostamente patrocinando atos antidemocráticos.
Ouça um trecho da entrevista com Carlos Longo: