Chico César cantando é bacana, sempre foi assim, desde os tempos de “pão doce recheado com granada”, show em que sua carteira de identidade estampava o cartaz colado nos muros da cidade.
Chico César compondo é genial, sempre foi assim, desde os tempos de “Virgem louca mimadinha”, canção romântico existencial que fez para Débora Vieira, onde repetia o refrão “ela quer minha cabeça no prato ao molho de sangue”.
O problema é que Chico César quer falar e quando abre a boca erra, desafina, atravessa o compasso.
Custava Chico César limitar-se ao artista e quis ele ser um gestor de cultura, o cara que determina a estética cultural de um governo que nega o pão e toca fogo no circo ao demitir até o palhaço.
Tem gente que diz que Chico César faz permuta com empresários do showbiz do Suldeste. Uma coisa tipo assim: ele contrata os artistas do cara com dinheiro público e o cara coloca o show dele em outras praças. Mas, não acredito que ele tenha chegado a esse ponto.
Custava Chico não se meter com Campina? A cidade tem sua própria estética cultural e gostos exportáveis.
Se não quer ajudar o Maior São João do Mundo diga logo, mas fingir que a festa não é cultural e importante e ainda detonar a predileção do público pelo que é popular foi um pouquinho de mais da conta.
Qual a diferença do forró de plástico para a MPB de plástico?
O forró e o sertanejo de plástico integram a cultura de massas, tocam no rádio e nos paredões, geram muita riqueza para artistas e empresários.
A MPB de plástico faz a cabeça dos culturais, toca nas rádios segmentadas, lota teatros e empresta frases feitas para gente burra que jura que é genial. Como também é atividade mercantil, enriquece muitos.
Não pode o Estado querer determinar o que é bom e o que é ruim. Só as ditaduras tentam impor sua estética.
Campina consome e exporta forró, mas também gosta de balada, hip hop, black music, sertanejo, batidão, forró de plástico, pé de serra e do chamado som cabeça de gente como Chico César.
Em um mundo eclético o bacana é conseguir conviver com as diferenças e Chico César que foi tão discriminado hoje discrimina.
Pra nossa sorte, Campina é grande e sempre soube dar a volta por cima.
Mas acho bom Chico César não aparecer no Parque do Povo, pois o campinismo não o perdoará por essa descortesia.
Em tempo: se o Estado não tem dinheiro para festas, quem bancou a micareta que Humberto Alexandre, radioescuta do Governo e pré-candidato a prefeito, fez em Santa Rita?
Dizem que foi um derrame.