Jair Bolsonaro tem de ser preso. As democracias costumam recorrer ao voto para se renovar. O método adotado no Brasil bananeiro é outro: aqui, só a cadeia resolve. Foi assim com Lula. Vai ser assim também com Jair Bolsonaro.
A certeza de que vai para a Papuda no ano que vem, depois de ser condenado inapelavelmente pelo eleitorado, é o que move o sociopata. É uma estupidez perguntar-se se ele vai tentar dar um golpe. É claro que vai. O que ninguém sabe – nem ele – é quando isso deve ocorrer. É provável que ele continue a incitar seus aloprados até o momento de ruptura, numa escalada subversiva pronta para eclodir durante o segundo turno, com motociclistas armados, motins policiais e meia dúzia de tanques fumacentos nas ruas.
O único fator que pode impedir o golpe é, paradoxalmente, o sucesso de sua estratégia golpista. Se Jair Bolsonaro conseguir se reeleger, comprando a cumplicidade dos eleitores, da mesma maneira que comprou a cumplicidade de deputados e senadores, o golpe vai murchar. É golpe ou golpe, portanto. A aposta, porém, é de que ele vai ser humilhado nas urnas. E, em seguida, vai ser trancado numa cela, por causa de sua tentativa fracassada de golpe.
Desde que a Terceira Via se matou, as pesquisas repetem sempre os mesmos resultados. A única realmente essencial foi publicada na semana passada, mas acabou sendo ignorada pela imprensa, apesar de seus números explosivos. De acordo com a Quaest, 71% dos brasileiros disseram estar insatisfeitos com a democracia, 73% reprovaram os políticos em geral e 86% opinaram que a maior parte dos parlamentares deve ser chutada do Congresso Nacional.
A pesquisa mostra que o eleitor é menos otário do que parece – e que é um erro vilipendiá-lo. Ele não repudia o regime democrático, e sim o simulacro de democracia que lhe é oferecido. O brasileiro sabe que a democracia – a democracia de verdade – não é representada pelos bandoleiros que pedem seu voto de dois em dois anos. A cadeia virou a principal instância da democracia nacional – mais importante do que as urnas – exatamente por esse motivo. É um terceiro turno – aquele que de fato conta.
Espera-se que, em 2023, a democracia carcerária funcione novamente, prendendo Jair Bolsonaro. Não há outra saída: ou é cadeia, ou é golpe.
Da coluna de Diogo Mainardi para a Crusoé
