Sou de um tempo em que o valor do Partido dos Trabalhadores não se resumia ao tempo de guia que dispõe, mas ao norte que seu programa de políticas públicas impunha e, principalmente pela integridade moral de seus quadros.
Ainda estávamos sob uma ditadura militar quando começamos a construir o PT e lá estavam figuras da estatura moral de um Derly Pereira, primeiro candidato a governador da legenda.
Para Lula vir à Paraíba tinha que haver rateio e nas primeiras vezes que veio juntou muito pouca gente, mas nunca desistiu até chegar ao posto de maior liderança de massas do Brasil e da América Latina, cidadão do mundo e maior presidente que este país já teve.
Então, se suamos a camisa e choramos tantas derrotas e vitórias para em nome de uma bandeira mudar o Brasil, como pode agora esse mesmo PT guinar para ser o que sempre combateu, mais uma legenda de aluguel?
Em João Pessoa o PT sempre cedeu seu direito de ter candidatura própria e, ao contrário de outras capitais, nunca governou a cidade.
Em Campina Grande esdruxulamente aliou-se aos algozes, como aconteceu na aliança de Cozete com Cássio, e acabou devorado ou, na pior das hipóteses, desfigurado.
Voltando ao eixo na Paraíba, o PT fechou a melhor aliança de sua trajetória ao se aliar ao parceiro nacional PMDB e daí viveu o seu melhor momento ao chegar ao poder com um vice-governador.
Em Campina o partido integra uma coalizão com Veneziano e, diferentemente de João Pessoa, onde só parte integrava a gestão de Agra, até semana passada estava 100% defendendo a gestão.
A verdade é que o PT vive uma crise de identidade e tem muita gente em seu comando pouco se lixando para uma coisa chamada coerência.
Como pode o PT ficar contra uma gestão que é litisconsorte? Que conceito antropofágico contamina as cabeças que decidem?
Estaria o PT de verdade sendo devorado pelo PT canibal? Será que mais uma vez as cozetes da vida estarão se entregando aos algozes das margaridas?
A reunião de hoje à noite em Campina e os próximos passos de Luciano Cartaxo em João Pessoa responderão estas e outras indagações.
Se amanhã encontrarem algum petista vendendo coxinha de carne humana no Ponto de Cem Réis ou na Praça da Bandeira, não estranhem, foi o que restou de um partido que torcemos para que volte a ter juizo.
Naturalmente.