Desde que Jair Bolsonaro (PL) assumiu a Presidência, em janeiro de 2019, foram registradas mais de 1 milhão de novas armas particulares no Brasil, segundo dados da Polícia Federal e do Exército obtidos pelos institutos Sou da Paz e Igarapé por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).
Até novembro de 2021 havia no país um total de 2,3 milhões de armas registradas (os institutos ainda não obtiveram números de 2022). Trata-se de um aumento de 78% em relação a 2018, último ano da gestão de Michel Temer (MDB), quando havia 1,3 milhão de armas contabilizadas.
Uma parcela importante dessa alta se deve a armamento comprado por pessoas comuns e por servidores civis, como policiais e agentes federais. Nesse grupo, a quantidade de armas mais que dobrou: saltou de 344 mil para 810 mil no período.
Caçadores, atiradores e colecionadores, os chamados CACs, também dobraram a quantidade de armas em suas mãos: passaram de 350 mil há quatro anos para 794 mil em novembro de 2021. A quantidade de pessoas que se registraram como CACs quase triplicou em período semelhante: eram 167 mil em julho 2019 e, em outubro de 2021, somaram 491 mil.
As armas que as polícias fornecem para o trabalho dos policiais, os armamentos institucionais, não estão incluídas na pesquisa. Também não estão incluídas as que estão em empresas de segurança e nos estoques das lojas e fábricas.
PF apreende menos armas
O número de armas apreendidas pela PF vem caindo desde 2017. Em 2016, foram 2.362. Em 2020, 1.702. Até junho do ano passado, segundo os últimos dados disponibilizados pela Polícia Federal, foram 519 unidades. No site da corporação, não há informações sobre as apreensões entre julho e dezembro de 2021.
A maior quantidade apreendida foi em 2014 —2.387 armas. Os números devem ser vistos com cautela, porque existem apreensões feitas pelas polícias militares, guardas municipais e mesmo pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) que não entram no cálculo da PF, mas das 27 polícias civis do Brasil.
No ano passado, por exemplo, a PRF apreendeu 2.113 armas segundo um balanço divulgado pela corporação. Em 2020, foram 2.229 equipamentos, de acordo com outro comunicado. As apreensões feitas pela PRF ora são contabilizadas pela PF, ora pela Polícia Civil. O mesmo acontece com as polícias militares e guardas municipais.