O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta quinta-feira (31), durante cerimônia na qual oficializou a saída de ministros para a disputa das eleições, que o Brasil seria uma “republiqueta” se não fossem as obras do “governo militar”, se referindo ao período em que o país viveu sob ditadura.
“O que seria do Brasil sem as obras do governo militar? Não seria nada! Seríamos uma republiqueta”, declarou o presidente.
O Brasil viveu os momentos mais duros da sua história recente na época da ditadura militar, que durou 21 anos, entre 1964 e 1985. O período foi marcado por torturas e ausência de direitos humanos, censura e ataque à imprensa, baixa representação política e sindical, precarização do trabalho, além de uma saúde pública fragilizada, corrupção e falta de transparência.
A declaração de Bolsonaro ocorre no dia em que o golpe militar completa 58 anos. Ontem, o Ministério da Defesa, chefiado pelo general Braga Netto, divulgou ordem do dia dizendo que a ditadura “fortaleceu a democracia” e foi “um marco histórico da evolução da política brasileira”.
“Nos anos seguintes ao dia 31 de março de 1964, a sociedade brasileira conduziu um período de estabilização, de segurança, de crescimento econômico e de amadurecimento político, que resultou no restabelecimento da paz no País, no fortalecimento da democracia, na ascensão do Brasil no concerto das nações e na aprovação da anistia ampla, geral e irrestrita pelo Congresso Nacional”, escreveu o ministro.
Além disso, Braga Netto pontua no texto que o golpe combateu “os ideais antidemocráticos da intentona comunista”. Ele afirmou, ainda, que as instituições se fortaleceram e “as Forças Armadas acompanharam essa evolução”.
Logo no início de seu primeiro mandato, em 2011, Dilma Rousseff (PT) determinou que o dia em questão não fosse mais “comemorado”. Antes disso, entre o início da redemocratização no Brasil e o fim do segundo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2010, os militares sempre lembravam a data. As menções sobre o golpe voltaram a ocorrer no governo Bolsonaro.
O presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus apoiadores, inclusive, já trataram da possibilidade de uma nova intervenção militar, justificando as falas com o artigo 142 da Constituição de 1988 —que não dá às Forças Armadas a função de atuar como moderador dos outros Poderes.
Recentemente, o presidente voltou a elogiar o coronel Carlos Brilhante Ustra, que atuou na ditadura militar, depois foi declarado torturador pela Justiça e morreu em 2015.
O ministro da Defesa é cotado para ser o vice na chapa presidencial de Bolsonaro. Em entrevista à Jovem Pan, há 10 dias, o presidente disse que já tinha escolhido seu vice e que o nome era de alguém de Belo Horizonte com formação militar. Braga Netto é natural da capital mineira e se formou pela Academia Militar de Agulhas Negras.
UOL