Petrobras será “seletiva” nas ofertas que fará no próximo leilão de áreas do pré-sal, que será realizado nesta sexta-feira (27). A estatal, no entanto, será “firme” nas propostas que fará para as áreas que vê potencial de produção.
A afirmação foi feita pelo presidente da empresa, Pedro Parente, em entrevista exclusiva ao Jornal da Globo. A edição desta quinta-feira trará mais informações sobre o leilão e sobre a participação da Petrobras na disputa.
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) realiza nesta sexta-feira (27) as 2ª e 3ª Rodadas de Partilha de Produção, as primeiras com o fim do monopólio de exploração do pré-sal pela Petrobras.
São ofertados oito blocos nas duas rodadas. Se todos forem vendidos, a União arrecadará R$ 7,75 bilhões com os bônus de assinatura.
Leia a seguir a íntegra da entrevista de Parente:
Qual a expectativa da Petrobras sobre o leilão de sexta-feira?
Nós temos uma expectativa bastante elevada porque são dois leilões somente de áreas no pré-sal e, como nós vimos no leilão passado, essas áreas que têm um potencial de óleo na camada do pré-sal. Existe realmente um potencial muito grande e um interesse muito grande no contexto mundial.
“O pré-sal é considerado hoje certamente uma das três melhores áreas do mundo para exploração e produção de petróleo. Portanto, temos uma visão de que podemos ter leilões bastante disputados.”
A Petrobras foi protagonista no último leilão. Pretendem novamente ser protagonistas?
Há um dado importantíssimo que é o fato de que, como nós temos uma perspectiva de investimentos definida, nós temos que ser bastante seletivos. Você vai lembrar que no último leilão nós fomos muito seletivos. De mais de 150 blocos em disputa, fizemos bid (oferta) apenas para oito desses blocos, ganhamos em sete deles, um deles perdemos. Em seis desses blocos estivemos em parceria com uma grande empresa americana, a Exxon.
“Então a gente vai ser bastante seletivo, mas certamente naquilo que a gente entende que tem um potencial importante e que pode fazer parte dessa recuperação da nossa relação entre reservas provadas e produção nós realmente estaremos lá muito firmes.”
A Petrobras vai manter a estratégia de parcerias?
Sem dúvida porque num setor que é como o de exploração de óleo e gás em que os investimentos são muito elevados e o tempo de maturação destes projetos também é bastante longo. Além disso, os riscos dessa atividade são riscos importantes. Parcerias ajudam muito na redução de necessidade de capital e também na redução dos riscos.
Então parcerias são uma coisa que se usa usualmente na exploração tradicional de óleo e gás em todo o mundo e a Petrobras certamente vai estar olhando parcerias para a sua participação nesses próximos leilões.
O tamanho da participação da Petrobras nessas duas rodadas já está pré-definido ou pode mudar?
A Petrobras tem por lei direito de preferência na exploração das áreas do pré-sal. Das oito áreas em oferta nós definimos que queremos ter o direito de exercer este direito de preferência em três destas áreas. Mas não somos obrigados a ficarmos limitados a essas áreas onde já declaramos direito de preferência.
Pode ser que no contexto das negociações destas parcerias surja a oportunidade de participar em outras áreas e nós estaremos olhando. Mas é claro que isso sempre levará em conta aquela questão da seletividade e da avaliação de potencial de cada uma dessas áreas que estão em leilão.
O Brasil não fez leilão das áreas de pré-sal há anos. Esse é um momento importante de retomada?
Esse é um momento de fato extremamente importante porque a gente sabe que como outras indústrias a de óleo e gás também enfrenta desafios muito importantes, seja pelo lado da oferta – porque hoje existe o shale gas, o óleo que é produzido nessa nova tecnologia, e isso aumentou muito a oferta de óleo no mundo.
Portanto, existe um desafio pelo lado da oferta, mas existe também pelo lado da demanda, com uma crescente consciência global a respeito de uso mais eficiente de combustíveis fósseis e mesmo combustíveis renováveis, de baixa carbono. Portanto, é uma indústria que está em desafio e, portanto, o País ter a oportunidade de aproveitar os recursos que tem disponíveis de óleo e gás e numa condição de preço que ainda é econômica é importante.
O País de fato ficou muito tempo sem fazer leilões. Só fez um leilão de campos na área do pré-sal. E retomar isso com um calendário definido, como o governo está fazendo, e com todas as mudanças regulatórias que foram feitas, isso trouxe um novo ânimo para o setor, uma nova perspectiva, muita animação, uma demonstração de interesses importante.
“Então eu acho que é um momento muito bom para o Brasil na indústria de óleo e gás.”
Fonte: G1