Além da “helicópteroterapia”, outra medida que o governo Ricardo Coutinho gosta de recorrer para se esquivar de responsabilidade, quando o assunto é violência, é a “imprensaterapia”, cuja posologia consiste em culpar os jornalistas pela divulgação dos fatos.
O correto para o governador seria nenhum veículo de imprensa divulgar os furtos, homicídios, latrocínios, sequestros e rebeliões em presídios. Quem divulgar é boateiro e da oposição e deve ser investigado naquela AIJE dos jornalistas, cuja primeira audiência acontecerá nesta sexta no TRE.
Seria a versão paraibana do projeto de segurança pública “tolerância zero” nova iorquino. Só que aqui com algumas sutis adaptações.
Primeiro, querem mudar o nome para “notícia zero”. A estratégia em curso é amordaçar a imprensa com cerco financeiro e jurídico, para que ninguém divulgue as ocorrências. Ou seja, censura prévia.
Esta, na verdade já é a segunda etapa desse projeto revolucionário proposto pelo secretário de Segurança Cláudio Lima ao governador.
Num primeiro momento, fecharam várias delegacias para evitar o registro de boletins de ocorrência. Sem os registros, nada aconteceu e, sem a imprensa para divulgar, a Paraíba vai virar, por decreto, o paraíso da paz.
Que coisa patética essa nota do governo, que acusa o senador Cássio e a imprensa livre de “criar o pânico”, como se já não fizessem quatros anos e meio que a violência cresce sem controle e os cadáveres se amontoam nos IMLs.
RC quer vender a idéia de que os corpos fuzilados até em velórios são de plástico e os sequestros, assaltos, ônibus incendiados e presos decapitados, são cenas de um filme de terror, que a oposição mantém em cartaz no cinema da vida, só para culpar o governo e aterrorizar a população. Só que não.