No Rio de Janeiro, uma gestante morreu após ter sido imunizada com a vacina AstraZeneca. O Ministério da Saúde investiga o caso e diz que está reavaliando a vacinação de grávidas sem comorbidades.
O ministério comandado por Marcelo Queiroga foi questionado, pela reportagem da Folha de S. Paulo, na tarde dessa segunda-feira (10), sobre o tema. A pergunta da coluna Painel mencionou dois casos de mortes de gestantes registrados pelos estados da Bahia e do Rio. Em nota enviada, a pasta confirmou a investigação de apenas um deles.
“O Ministério da Saúde informa que foi notificado pelas secretarias de Saúde Municipal e Estadual do Rio de Janeiro e investiga o caso. Cabe ressaltar que a ocorrência de eventos adversos é extremamente rara e inferior ao risco apresentado pela Covid-19. Neste momento, a pasta recomenda a manutenção da vacinação de gestantes, mas reavalia a imunização no grupo de gestantes sem comorbidades”, respondeu.
A Anvisa, na noite dessa segunda, emitiu nota técnica recomendando a suspensão imediata do uso da vacina Covid da AstraZeneca/Fiocruz em mulheres grávidas. A agência orienta que a indicação da bula da AstraZeneca seja seguida, visto que nela não consta o uso em gestantes.
“A orientação da Anvisa é que a indicação da bula da vacina AstraZeneca seja seguida pelo Programa Nacional de Imunização (PNI). A orientação é resultado do monitoramento de eventos adversos feito de forma constante sobre as vacinas Covid em uso no país. O uso ‘off label’ de vacinas, ou seja, em situações não previstas na bula, só deve ser feito mediante avaliação individual por um profissional de saúde que considere os riscos e benefícios da vacina para a paciente. A bula atual da vacina contra Covid da AstraZeneca não recomenda o uso da vacina sem orientação médica”, diz comunicado da Anvisa, que não diz em que caso específico se baseou para tomar a decisão.
Raphael Câmara, secretário de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde, orientou no mês de abril sobre as as variantes do coronavírus no Brasil, que têm se mostrado mais agressivas em grávidas. A pasta chegou a aconselhar a postergação da gravidez nesse período crítico da pandemia.
Câmara, porém, não especificou a quais variantes se referia nem mostrou pesquisas que comprovem que as novas variantes sejam mais agressivas especialmente nesse público. Ele disse que o ministério já está trabalhando para realizar esses estudos.
Reportagem publicada pelo jornal Folha de S.Paulo mostrou um salto nas mortes maternas por Covid neste ano, mas apontou como principal fator a falta de assistência adequada, como acesso a UTI e ao procedimento de intubação. Desde o início da pandemia, uma em cada cinco gestantes e puérperas (22,6%) mortas por Covid não teve acesso à UTI e 1 em cada 3 não foi intubada.
Folha de S. Paulo