Horas depois de ser derrotado na Câmara Federal, quando a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do voto impresso abertamente defendida por Jair Bolsonaro foi arquivada, o presidente voltou a questionar a segurança das eleições de 2022. Ele argumentou que o placar apertado da votação indica que o parlamento está desconfiado da confiabilidade das urnas eletrônicas.
“Hoje em dia sinalizamos para uma eleição, não que está dividida, mas que não vai se confiar nos resultados da apuração”, declarou Bolsonaro na manhã desta quarta-feira (11) na saída do Palácio da Alvorada.
Para que a PEC fosse aprovada, precisaria de, no mínimo, 308 votos. Na votação de terça (10), 229 deputados votaram a favor do voto impresso e 218 foram contrários. Além disso, houve uma abstenção e dezenas de ausências. Dos 513 parlamentares da Casa, o quórum efetivo de ontem, contando com o presidente Arthur Lira (PP-AL) foi de 449 deputados.
O placar apertado deixou o presidente “feliz”. Ele entendeu que o parlamento brasileiro está “dividido” e que muitos deles não puderam expressar suas verdadeiras opiniões sobre o sistema eleitoral porque foram “chantageados”. Para Bolsonaro, muitos deputados votaram contra o sistema impresso “preocupados”, descontando os votos do “PT, PCdoB e PSOL, que para eles é melhor o voto eletrônico”. O mandatário ainda analisou que, as abstenções, numa votação virtual, expressam o medo de retaliação por parte das legendas.
“Metade do parlamento que votou sim ontem quer eleições limpas; outra metade, não é que não queira, ficou preocupada em ser retalhada”, destacou. O chefe do Executivo afirmou que o resultado teria mostrado que “a maioria da população está conosco, está com a verdade”.
Bolsonaro agradeceu ao parlamento por, segundo ele, dar “um grande recado ao Brasil” e projetou, para o futuro, uma maior adesão ao voto impresso, pois o Legislativo mostrou que “não acredita 100% na lisura dos trabalhos do TSE”.
O presidente da Câmara, Arthur Lira, apelou, após a votação, para que os envolvidos no debate sobre o sistema eleitoral adotem tom moderado. Ainda de acordo com Lira, Bolsonaro havia se comprometido a aceitar a decisão dos parlamentares. Entretanto, na segunda (9) afirmou que “há outros mecanismos para a gente colaborar para que não haja suspeitas”, em conversa com apoiadores em seu retorno ao Palácio da Alvorada.
Ainda sem provas, o chefe do Executivo voltou a apresentar a tese de que um grupo de hackers, ou um hacker, teve acesso às chaves criptografadas das urnas eletrônicas e acusou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de acobertar a invasão. “Se nós vivemos numa democracia e é difícil lutar enquanto tem liberdade, quando vocês [população] perderem a liberdade, vai ser difícil lutar”.
Aos apoiadores, Bolsonaro ainda manifestou: “Eu perguntaria, agora aqueles que estão trabalhando por interesses pessoais, não são interesses do Brasil, se eles querem enfrentar uma eleição do ano que vem com a mácula da desconfiança, que não é de agora. E eu tenho a certeza que esse pessoal que votou ontem, cada vez mais, teremos mais gente a nosso favor.”
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Com informações do Estadão.