O programa 360 graus desta terça-feira (24) entrevistou Adelaide Oliveira, integrante do MBL (Movimento Brasil Livre). Aos 60 anos, a ativista política foi líder e porta-voz do movimento “Vem pra Rua”, um dos estopins para a queda do governo de Dilma Rousseff. Antes simpatizante de Jair Bolsonaro, com suas manifestações contribuindo para a eleição do atual mandatário, agora o MBL articula uma ação para o dia 12 de setembro contra o presidente do Brasil, pedindo o seu impeachment.
Já no início da conversa, Adelaide demonstra sua insatisfação com o governo federal, classificando-o como “um fracasso”. Para ela, Bolsonaro enterrou o “sonho das ruas” e não entregou o que propôs durante a sua campanha eleitoral de 2018, principalmente no que diz respeito ao combate à corrupção, uma das suas principais bandeiras que foram escanteadas depois que assumiu a cadeira presidencial.
“Como eu avalio Bolsonaro hoje? Eu acho que é um fracasso. É o enterro de um sonho, um sonho das ruas, mas que vai ressuscitar. O sonho vai ressuscitar. Mas hoje o governo saiu da linha que ele se propunha logo no início, que era o combate à corrupção, que eram reformas estruturantes, que era um Estado enxuto, era tudo que a gente defendia”, destacou Adelaide.
A ativista justifica a inclinação do MBL para a eleição de Bolsonaro, em 2018, por ele ter se apresentado como o “realizador do sonho” dos manifestantes que foram às ruas em 2016, quando pediam um Estado mais eficiente, que não cobrasse tantos impostos dos pobres e cortassem privilégios dos mais ricos, além de punições exemplares para quem desviasse recursos públicos. Porém, já no primeiro ano de seu mandato, foi possível perceber que seria mais do mesmo. “Uma tremenda decepção”, lamenta.
Sobre o próximo pleito eleitoral, Adelaide Oliveira é enfática ao defender uma terceira via para a presidência da República, longe de alternativas como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de Jair Bolsonaro, que segundo ela, deixou o Brasil “flertando com o abismo”. Ela alega que os dois já tiveram sua oportunidade de governar e se mostraram “ruins” para o país e por essa razão não devem retornar ao Planalto. Um terceiro nome, amparado pela união de forças políticas expressivas, como por exemplo da direita e centro-direita, pode ser a alternativa para um governo brasileiro inédito e promissor.
“Nós acreditamos firmemente que nenhum dos dois têm condições ou têm, vamos dizer assim, forças políticas, para levar o Brasil para onde o Brasil precisa. Nós já experimentamos o passado do PT, que nos trouxe muito desemprego, muito desajuste fiscal, teve uma hiperinflação… A gente precisa lembrar disso para não incorrer no erro de que ‘pior que tá não pode ficar’. Cuidado porque pode sim. Bolsonaro é um pesadelo, é um negacionista, por isso nós vamos no dia 12 de setembro pelas ruas para dizer ‘Fora Bolsonaro’, ele está desestabilizando o país”, pontuou.
A integrante do MBL defende o impeachment do atual presidente e rebate declarações de que o processo desestabilizaria o país. Conforme seu entendimento seria ao contrário, o processo traria a estabilidade que o Brasil precisa. Por isso o movimento ajudou a reunir os 30 principais requerimentos de impeachment de Bolsonaro num ‘superpedido’ apresentado à Câmara Federal. Adelaide revela que existem mais de uma centena de solicitações para a saída do chefe do Executivo do poder, justificados, essencialmente, pelos crimes de omissão no enfrentamento à pandemia da Covid-19 e prevaricação.
Por fim, Adelaide Oliveira convoca os brasileiros para o ato de 12 de setembro. Em São Paulo, a concentração será na Avenida Paulista, a partir das 14h, em frente ao MASP (Museu de Arte de São Paulo). Na Paraíba, os manifestantes se reunirão no Largo da Gameleira, no bairro de Tambaú, em João Pessoa, também a partir das 14h.
“Nós precisamos nos manifestar e nos manifestar insistentemente de maneira democrática, de maneira realmente ordeira, para que seja explicitado ao Brasil e ao mundo que o brasileiro quer sim mudanças no seu país mas quer dentro da Constituição e dentro do Estado democrático de direito”, concluiu.
Assista à entrevista completa com Adelaide Oliveira: