Nos sete meses que passei em São Paulo trabalhando numa campanha presidencial tive a oportunidade de conviver com o conservadorismo e o neopentecostalismo aplicado na conjuntura política nacional. E eles não estão para brincadeira. Catequizam tudo e todos alardeando a ameaça comunista da volta de Lula ao poder.
Empresas e igrejas se fundem num mesmo ambiente. Do jardineiro ao CEO, todos comungam da mesma teoria que confusamente defende o armamento da população para garantir a liberdade sob ameaça com o avanço da esquerda e do comunismo.
São pessoas que deixaram em segundo plano a próxima vida para garantir prosperidade nesta e o pastor deixou de ser um corretor que vende terreno no céu para ser uma espécie de coach a pregar prosperidade já.
Nesse ambiente etéreo avança a direita e o seu mais temido subproduto, a extrema direita, o fundamentalismo, fascismo e nazifascismo.
Para essa nova onda conservadora, Lula, que respeitou a Constituição e a harmonia entre os poderes, é mais perigoso do que um Bolsonaro golpista e desagregador.
Essa nova onda põe Deus acima de tudo e invoca a defesa da família ameaçada pelas pautas ultra liberais, mas ao mesmo tempo fecha os olhos para o perigo de a fé andar hoje a reboque de um líder mais cultuado do que o próprio Jesus nos templos.
Os setores progressistas da política, do mercado e das igrejas católicas e evangélicas precisam reagir sob pena de quando quiseram ser tarde e o culto a personalidade ter suplantado a devoção ao sagrado, e ninguém mais saber o que é religião e o que é política, o que é igreja e o que é estado.
Podem me chamar de alarmista, mas percebo o anticristo dividindo e se apossando da maior nação cristã do mundo para honra e glória de si mesmo.
Dércio Alcântara