Antes de começar essa estória vou logo dizendo que qualquer coincidência é mera literatura. E digo antes sabendo que os personagens serão comparados com a vida real. É impossível não existir semelhanças de tão óbvia que a vida as vezes é e de tão repetitivos que são sempre os medíocres.
O dia amanhece no curral dos Paraibolinos e o Galo de Chanteceler canta em um microfone condesador e, vaidoso do seu canto afinado, sai para ouvir o eco de seu cantar acordar o sol, como de costume, pois, afinal,ele só nasce para ouvir aquela cantoria.
Estamos na Idade da Vaidade, 150 anos antes da Idade Média, e a espécie mais desenvolvida na terra são os bichos de pena, pois que escaparam do dilúvio e tornaram-se seres superiores.
Na hierarquia, o Galo de Chantecler é o topo da cadeia e abaixo dele vem todos os outros que escaparam da fúria das águas anunciadas por Noé.
Esse, aliás, mora nos arredores do Curral dos Paraibolinos, é jornalista e passa o dia propagando as decisões do Galo, sempre cifradas em curucucus.
Entender o que levou um galo a liderar um rebanho de seres vivos só mesmo voltando alguns anos atrás até o dia em que, sem comida e esperança, todos que estavam na arca caíram em grande depressão.
Dia e noite de chuvas e nem um arco íris pra sinalizar o fim do dilúvio e ninguém na arca mais acreditava num final feliz e terra firme, até que o Galo de Chantecler anunciou em alto e bom canto que se ele cantasse o sol sairia e o diluvio cessaria.
Sem mais em que acreditar, os embarcados disseram que se ele conseguisse isso seria o rei de todos os seres vivos pelo resto da vida.
Vaidoso e sabido, pois tinha visto outras aves voando com galhos verdes no bico, o que sinalizava o fim do dilúvio e terra firme por perto, o Galo de Chantecler disse que dali a dois dias cantaria para o sol aparecer.
Subiu no ponto mais alto da arca e, quando avistou terra firme e viu um arco íris, começou sua cantoria. Não demorou e todos viram o arco íris, terra firme e, finalmente, o sol.
Moral da história, na Paraíba tem político que tem certeza que o sol só nasce para lhe desejar um belo dia e que todo o resto do curral deve girar em torno de si, querendo ou não querendo.