O 13º salário deverá injetar até o final de dezembro na economia paraibana mais de R$ 1,733 bilhão, que serão pagos a 1,372 milhão de pessoas. Os dados foram divulgados ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O volume, que representa alta de 10,5% comparado aos recursos do ano passado (R$ 1,57 bilhão), pode trazer novo ânimo ao comércio, que enfrenta nível baixo de confiança com as vendas no ano. Contudo, os lojistas e entidades do setor não esperam melhora tão expressiva nas vendas, porque grande parte do contingente usará o dinheiro extra para quitar contas pendentes.
O abono natalino paraibano representa apenas 1,1% do total pago no Brasil e 6,86% do montante pago no Nordeste (R$ 25,750 bilhões). “A participação da Paraíba na Região não é tão expressiva porque temos um dos menores rendimentos (salários) do país”, afirmou o supervisor técnico do Dieese na Paraíba, Renato Silva.
Ele explicou que a alta do abono natalino em comparação ao ano passado “é considerada boa, mas com a ressalva de que temos uma economia com grande participação da administração pública, ainda marcada por empregos sazonais, como sucroalcooleiro, e pouca participação da indústria. Em termos de infraestrutura ainda temos muito o que melhorar”, revelou Renato Silva.
Os recursos na Paraíba representam em torno de 3,9% do PIB estadual. Os empregados do mercado formal, celetistas ou estatutários, representam 48,8%, enquanto pensionistas e aposentados do INSS equivalem a 49,9% do total pago até final de dezembro. O emprego doméstico com carteira assinada participa com 1,3%.
Já em termos de valor médio, o 13º paraibano corresponde a R$ 1.199,33, número que representa o terceiro menor valor médio do abono entre os Estados do país. Para o presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas da Paraíba (FCDL), José Lopes Neto, a chegada do dinheiro impulsiona as compras, mas no geral não mudará o quadro geral do comércio. “Parte destes recursos será usada para pagamento de alguma pendência e, apesar das pessoas consumirem no Natal, não acredito que teremos crescimento comparado a 2013. Este foi um ano atípico, de Copa do Mundo e Eleição e o país passa por uma recessão. Então fica difícil falar em desempenho no fim do ano, mas acredito que vamos empatar com 2013”, frisou José Lopes.
O presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de João Pessoa (CDL-JP), Eronaldo Maia, afirmou que apesar do incremento nas vendas, parte do 13º salário será usado para pagar as contas em atraso. “As pessoas usam o dinheiro para limpar o nome no comércio e abre espaço para mais compras.
Acredito que este ano teremos uma alta entre 5% e 6% no Natal, comparado ao mesmo período do ano passado”, projeto.
Já a gerente da loja Aromas Produtos de Banho e Companhia, Airla Gonçalves, destacou que nem o 13º salário vai impulsionar as compras no estabelecimento. “Não tenho boa expectativa. Pelo que passamos ao longo do ano, espero registrar queda de 20% no fim de ano”, confessou.
DESTINO
A operadora de caixa Aline Pedrosa Santos disse que não vai comprar presentes neste final de ano. “Planejo apenas pagar minhas dívidas. Só quero ganhar presentes”, brincou.
DISTRIBUIÇÃO
Em relação aos valores que cada segmento receberá, observa-se a seguinte distribuição: os empregados formalizados ficam com 63% (R$ 1,092 bilhão) e os beneficiários do INSS, com 31,9% (R$ 553,87 milhões), enquanto aos aposentados e pensionistas do Estado do Regime Próprio caberão 3,6% (R$ 62,54 milhões).
EXPECTATIVAS DIVIDEM LOJISTAS
Para os lojistas, a chegada do 13º salário no desempenho da empresa no Natal divide opinião. Para uns o recurso não mudará o quadro de perdas e fechará o ano com queda, já outros estão mais otimistas e acreditam em alta de até 20%.
Este é o caso da loja Cosmos Jeans. Segundo a gerente Yasmine Iris de Lima, mesmo fechando o primeiro semestre com queda de 50% sobre o ano passado, ela está aguardando boa alta no Natal. “Esperamos um crescimento de 15% sobre o ano anterior”, revelou.
O gerente das Casas Chang (Lagoa), na capital, Fernando Sousa, contou que todos os anos o pagamento do dinheiro extra traz um impacto positivo na loja de decoração e utilidades. “Este ano projetamos alta entre 7% e 8%).
Já a gerente da Belle Bijoux, Greyce Kelly Assunção, não arrisca falar em desempenho da loja. “O ano deixou muito a desejar e tivemos queda de 20% no primeiro semestre, mas estamos otimistas para o Natal, mas ainda é cedo para arriscar um índice.
ANTECIPAÇÃO DA 1ªPARCELA DO SETOR PÚBLICO REDUZ MONTANTE
A antecipação da primeira parcela do abono natalino do setor público como INSS (setembro), governos federal (julho), estadual e da Prefeitura João Pessoa (junho) deverá reduzir o volume de injeção do 13º na economia em dezembro em cerca de 30%. Para entidades do comércio, a divisão do pagamento reduz o impacto no Natal, mas em todo caso estimula as compras em outros períodos do ano.
“Há cerca de uma década era costume pagar o 13º salário somente no fim do ano e isso gerava o boom das vendas. Hoje percebemos que as compras se concentram na segunda semana de dezembro. Esse pagamento antecipado ajuda por um lado, porque é dinheiro extra que chega em outros períodos do ano, mas por outro fica muito disperso”, afirmou o presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas da Paraíba (FCDL), José Lopes Neto.
Para o presidente da CDL-JP), Eronaldo Maia, o adiantamento do abono natalino não traz reflexo nas compras natalinas.
“Também é importante termos a injeção de recursos no meio do ano”, declarou.
Jornal da Paraíba