A Secretaria de Saúde da Paraíba não concordou com a decisão anunciada nesse domingo (17) pelo Ministério da Saúde, que resolveu encerrar a emergência de saúde pública relacionada à covid-19 no Brasil. Para o órgão paraibano, a atitude foi precipitada e o secretário executivo de gestão hospitalar, Johny Bezerra, revelou que as secretarias do país não foram contatadas antes da deliberação federal.
“Foi de forma precipitada, a gente tem esse entendimento. Não houve um diálogo efetivo com os secretários de saúde do Brasil, mas a gente respeita a decisão do ministro e a Secretaria de Estado da Saúde da Paraíba vai tentar dialogar, e manter seus sistemas de saúde ativos e vigilantes”, disse Bezerra em entrevista à TV Cabo Branco nesta segunda-feira (18).
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou no domingo o fim do estado de emergência sanitária no território brasileiro, que foi instaurado em fevereiro de 2020. Queiroga explicou que o fundamento epidemiológico da decisão se justifica em três pontos:
- a queda expressiva dos casos e dos óbitos por causa da Covid nos últimos 15 dias;
- a ampla cobertura vacinal da população: mais de 70% já completou o esquema vacinal com duas doses e mais de 77 milhões de pessoas já receberam a dose de reforço (equivalente a cerca de 39% da população);
- a capacidade do SUS de atender não só os casos de Covid-19, mas também as doenças prevalentes que foram negligenciadas durante os períodos de picos da Covid.
Ou seja, o anúncio do ministro põe fim nas medidas impostas ainda no início da pandemia. É importante ressaltar que a decisão não significa o fim da pandemia em si, pois esse decreto é de responsabilidade da Organização Mundial de Saúde (OMS), que renovou a situação pandêmica.
“Há uma circulação viral, com novas variantes surgindo na Europa e na Ásia, e precisamos ficar vigilantes com a possibilidade de surgimento de novas variantes no Brasil e na Paraíba. A nossa equipe epidemiológica monitora todo o cenário”, diz Johny.
O secretário executivo avalia que a medida do governo federal é apenas uma decisão administrativa relativa a trâmites burocráticos. “[a situação de emergência] facilitava a compra de insumos, de equipamentos, e do contrato de pessoal. […] É apenas uma forma administrativa que o Ministério da Saúde encontrou para remanejamento de recursos e toda essa forma burocrática”, frisou.
Já a secretária de estado da saúde da Paraíba, Renata Nóbrega, enfatizou que enfrentamento à pandemia segue o mesmo, sem mudanças relativas aos protocolos de segurança adotados nos Estados.
“As medidas e recomendações para a prevenção, para a saúde da população, permanecem. […] A vacinação permanece em todos os postos e fazemos a recomendação para as mais de 800 mil pessoas que não tomaram a dose de reforço que procurem um posto de saúde para que a gente consiga manter o controle da doença no nosso estado e no país, para que não haja um novo pico de casos”, pontuou Renata em um vídeo enviado à imprensa.
Johny Bezerra ressalta que na Paraíba o cenário epidemiológico é confortável, contudo, as equipes do órgão seguem acompanhado o cenário com cautela.
“A taxa de ocupação é menor do que 10%, não há nenhuma pessoa internada [com Covid] no Sertão, só há um internado em Campina Grande e poucos em João Pessoa. A taxa de transmissibilidade realmente é baixa, mas a gente precisa se manter vigilante e qualquer mudança nesse cenário, serão discutidas novas medidas”, completou Johny.
Com informações de g1 Paraíba